O ano de 2023 marcou um ponto de viragem na redução da eletricidade produzida no mundo a partir de combustíveis fósseis e na sua substituição por fontes renováveis. A União Europeia lidera a transição energética, rumo a uma economia mais verde e sustentável, e Portugal é um dos países na vanguarda da mudança.
A utilização das energias renováveis, essenciais no combate às alterações climáticas e à mitigação da crise ambiental, atingiu um marco relevante: mais de 30% da energia mundial já é, atualmente, gerada a partir de fontes limpas. O valor é avançado pelo grupo de reflexão Ember – um Think Thank ambiental sem fins lucrativos – através de um estudo sobre energia, publicado este mês, onde se conclui que foi a grande expansão das energias eólica e solar que permitiu alcançar este marco. Os resultados do relatório são animadores e trazem uma luz de esperança: o ano de 2023 foi um ponto de viragem que assinala a redução significativa do recurso aos combustíveis fósseis para a produção de eletricidade.
A União Europeia lidera este esforço global, encontrando-se muito à frente da média global: já produz 44% da sua energia a partir de fontes renováveis. A expansão da energia solar e eólica na UE está a acontecer a um ritmo muito mais rápido do que no resto do mundo, contribuindo para 17% do crescimento global das renováveis em 2023.
No entanto, apesar do progresso significativo, ainda existem desafios a superar. A produção de energia hidroelétrica diminuiu devido à seca em várias partes do mundo, o que contribuiu para o aumento da produção de energia a carvão. Mas, apesar destas adversidades, os autores do relatório estão confiantes de que uma nova era de diminuição das emissões de carbono pelo setor energético está a começar.
Porque são cruciais as energias renováveis?
A transição para energias provenientes de fontes limpas é um passo determinante na luta contra as alterações climáticas. As energias eólica, solar e hídrica – bem como outras fontes renováveis como a oceânica, geotérmica, a biomassa e os biocombustíveis – permitem alimentar, de forma sustentável, as necessidades energéticas da humanidade a longo prazo. Estão por isso a substituir as tradicionais fontes de origem fóssil (como o petróleo, gás e carvão), responsáveis pelas emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera. As energias renováveis são essenciais para o objetivo da descarbonização das economias mundiais, de forma a limitar o aquecimento global a 1,5 graus centígrados face aos níveis pré-industriais até 2050, como estipulado no Acordo de Paris.
Elas possibilitam um desenvolvimento económico sustentável e representam criação de empregos verdes com a diminuição da dependência de recursos fósseis.
Renováveis com valores históricos em Portugal
Portugal tem sido um exemplo de liderança e inovação no campo das energias renováveis e da revolução energética global. Em abril deste ano, atingiu novos valores históricos: de acordo com dados da REN (Redes Energéticas Nacionais), 94,9% das suas necessidades de eletricidade foram satisfeitas a partir de fontes renováveis. Este foi o quarto mês consecutivo com valores de consumo com origem em renováveis acima dos 80% – depois dos 91% em março, 88% em fevereiro e 81% em janeiro. Já em 2023, Portugal tinha atingido um recorde: segundo a REN, as fontes renováveis foram responsáveis, no ano passado, por 61% do consumo de energia elétrica no nosso país, num total de 31,2 TWh, o valor mais elevado de sempre.
Do lado da produção, a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) avança que as fontes de energia renováveis foram responsáveis, em 2023, por 70,7% da geração de eletricidade (compara com os 30% a nível global). Entre 1 de janeiro e 30 de abril de 2024, essa percentagem situou-se nos 84,0%.
O exemplo da Navigator
A The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, manteve em 2023 o foco na transição para fontes mais limpas de energia: 76% da energia produzida pela empresa teve origem em fontes renováveis, incluindo a biomassa. Por outro lado, no ano passado, 81% da energia primária consumida pela Companhia teve origem em fontes renováveis em Portugal.
Líder no setor da pasta e papel, a Navigator tem definida uma sólida estratégia para substituir progressivamente o consumo de energias fósseis por fontes de energia menos intensivas em carbono. O ano de 2023 fica marcado pelo reforço da aposta na energia solar: aos 7MW de solar fotovoltaico já instalados (nos Complexos Industriais de Setúbal e Figueira da Foz, Herdade de Espirra e Instituto RAIZ), juntaram-se os 5MWp da central da Navigator Tissue Ejea (Saragoça). Também em 2023, foi dado início à construção de quatro novas fotovoltaicas nos sites da Figueira da Foz (uma das maiores do País para autoconsumo), Aveiro e Vila Velha de Ródão. Estas novas centrais permitirão triplicar a capacidade instalada nos sites do Grupo – dos atuais 12 MWp para cerca de 38 MWp.
A produção de energia elétrica a partir de biomassa é outra dos caminhos que contribuem para a transição energética. Matéria orgânica residual proveniente da limpeza e gestão florestal, a biomassa é uma fonte renovável que além de contribuir para a descarbonização do setor energético, ajuda a promover a proteção das florestas contra os incêndios. A Navigator é responsável por 37% do total da energia gerada em Portugal a partir de biomassa.