Geocaching: a caça ao tesouro dos tempos modernos

15 de Junho 2021

Partir à descoberta de um tesouro escondido pode ser uma excelente diversão para toda a família, uma ótima oportunidade para estar em contacto com a natureza e, até, uma forma de participar ativamente na limpeza e restauração das florestas.

Procurar e encontrar tesouros desconhecidos é uma atividade excitante, e essa é a principal razão para o fenómeno geocaching ter conquistado uma enorme legião de fãs em todo o mundo.

Praticado ao ar livre, está intimamente ligado à natureza, contribuindo para incrementar a consciência ambientalista. Frequentemente, o pretexto da busca de caches (a designação abreviada das caixas com os “tesouros”) cativa pessoas de todas as idades para conhecer e preservar a natureza. Esta atividade inclui também eventos CITO (acrónimo de Cache In, Trash Out, ou seja, Cache Dentro, Lixo Fora), reunindo praticantes (geocachers) que, em paralelo com o objetivo inicial da caça ao tesouro, procedem à limpeza de uma área, plantam árvores, removem espécies invasoras ou fazem manutenção de trilhos.

Desporto, jogo ou, simplesmente, uma atividade recreativa, a classificação do geocaching deixa margem para discussões, exceto num aspeto: é uma motivação para dar passeios ao ar livre e descobrir os recantos e encantos da natureza.  Por isso, em menos de 20 anos, chegou-se a mais de 3 milhões de caches ativas em 191 países, das quais 30 mil estão em Portugal, incluindo 7 mil na região de Lisboa.

As caches tradicionais são pequenas caixas estanques (tipo tupperware) que guardam um livro de registo (logbook) e, algumas, um pequeno objeto que quem encontra guarda e substitui por outro de valor semelhante. Mas a enorme adesão ao geocaching trouxe muita imaginação e variedade às caches, que podem envolver quebra-cabeças ou autênticos rally-papers, aumentando a adrenalina na descoberta.

As caches são escondidas pelos próprios praticantes, respeitando uma série de regras do Geocaching HQ, o “quartel-general” que criou e gere esta atividade (consulte as linhas de orientação no site oficial).

Um ponto importante é que as caches não fiquem à mercê dos “muggles”, um termo oriundo da saga Harry Potter que aqui serve para designar os não geochachers. Por desconhecimento ou maldade, são eles a maior ameaça à longevidade das caches, sobretudo das mais acessíveis.

Tecnologia e ciência em ação

O geocaching nasceu em maio de 2000, quando o sinal de GPS se tornou acessível ao cidadão comum. Com o auxílio da internet, tornou-se possível divulgar uma localização exata para um público vasto. A generalização dos smartphones com sistema de geolocalização fez o que faltava para qualquer pessoa ficar habilitada a ser geocacher.

Em Portugal, apesar de os parques urbanos serem bastante utilizados, os geocachers preferem paisagens abertas e com água, e, no caso das florestas, elegem o montado. A conclusão resulta de um estudo publicado em abril de 2019 na “Ecological Indicators”, em que cinco investigadores portugueses deram utilidade científica às avaliações e fotografias registadas no site oficial da organização, aproveitando-as para avaliar os serviços culturais prestados pelos ecossistemas.

Assim, sem suspeitarem e enquanto se divertiam, os geocachers portugueses deram mais um contributo fundamental para a definição de estratégias de gestão e conservação da natureza mais eficazes, que tenham em consideração os serviços culturais e de lazer proporcionados.

Créditos Fotografias
©Groundspeak Inc. (dba Geocaching)