Hanami, a celebração das árvores em flor

28 de Abril 2022

A floração das cerejeiras é celebrada por todo o Japão. Contemplar a beleza efémera das árvores em flor é o mote. E se experimentássemos fazê-lo também por cá?

Traduzindo à letra, Hanami seria algo como “observação de flores”. Mas mais do que observar ou contemplar, Hanami é celebrar a beleza e deixarmo-nos contagiar por ela. Sem apego, pois é sempre temporária.

As cerejeiras são as árvores que fazem, ancestralmente, parte desta tradição japonesa. Quando começam a florir, algures entre o fim de março e o meio de maio, inicia-se o fenómeno natural que está mais intimamente ligado à cultura japonesa.

As árvores cobrem-se de tons rosa e branco, com as sakura (flores de cerejeira) a inspirar coletivamente toda uma sociedade que preza a simplicidade e a depuração. Ter como confetti pétalas de flores verdadeiras que caem das árvores com uma brisa de primavera dá uma ideia do que se valoriza nesta cultura. E não é por acaso que a cerejeira se tornou o símbolo desta tradição. É mesmo pela brevidade do seu ciclo de vida e pela experiência de ver as flores a desfazerem-se, com as pétalas a esvoaçar. É como uma metáfora da passagem do tempo e da brevidade e fragilidade da vida. 

Durante o período de floração, organizam-se festivais, encontros, piqueniques e festas, que podem ter lugar de dia ou de noite, em parques e zonas onde existem cerejeiras. Em eventos noturnos, existe o hábito de pendurar nas árvores lanternas de papel. São por vezes centenas de pessoas que se juntam numa imensa celebração coletiva, “apenas” porque as árvores estão, mais uma vez, em flor.

Também as flores dos damasqueiros japoneses, que florescem mais cedo do que as cerejeiras, são apreciadas em eventos deste género, sobretudo pelas gerações mais velhas, pois são menos concorridos e mais calmos.

Nós por cá…

Também temos cerejeiras! A época da floração está no fim, mas ainda vamos a tempo de um passeio pelo Douro ou pela Beira Baixa, com inspiração no Hanami japonês. 

E se não encontrarmos a flor da cerejeira, há muitas outras árvores em flor que se prestam à celebração da beleza. Como as amendoeiras, em Foz Côa ou no Algarve, que quando se enchem de flores fazem lembrar campos de neve. Ou as olaias, também chamadas árvores do amor, que se cobrem de cachos de flores em tons de rosa logo no início da primavera. 

Inevitável é lembrar os exóticos jacarandás que todos os anos pintam Lisboa de lilás, por esta altura, e são já a imagem de marca da primavera na cidade. Há inúmeros locais – parques, jardins – onde fazer um piquenique debaixo de uma destas belas árvores em flor.

Já no Porto, as magnólias são mais comuns e as suas flores costumam ser as primeiras a anunciar a primavera.