Recolhe lixo nas praias, só compra o que realmente precisa e reduziu o consumo de plástico. Catarina Soares quer fazer a sua parte pela saúde do planeta, mas também “contagiar” os outros.
Amante do mar, há 20 anos que recolhe lixo nas praias. A par disto, só compra o que precisa e reduz ao mínimo o uso de plástico. Pequenos gestos que a deixam satisfeita, porque “sinto que estou a fazer alguma coisa”. Catarina Soares, tradutora, nasceu em Lisboa há 49 anos, mas há mais de 20 que vive em Torres Vedras. Sempre teve uma ligação forte com o mar – fez surf, anda de caiaque, gosta de mergulho, de snorkeling e de praia – e quando está dentro de água é muito observadora da vida animal. “Temos uma costa riquíssima, de uma diversidade fantástica. Mas quando estamos a observar os peixes e as algas, veem-se coisas muito tristes, e isso faz-me muita impressão”, nota, exemplificando: “Já vi uma tintureira a tentar mordiscar uma alga, com uma corda amarrada ao bico”.
Lixo de outros tempos e de outras paragens
Para “tentar minimizar este grande problema”, há muito anos que começou a apanhar lixo nas praias. Geralmente, nos areais perto de casa, entre a Assenta e a Praia da Foz, mas, diz, “sempre que passo numa praia e vejo lixo, apanho-o”. Os números são impressionantes (só em 2019, ano em que efetuou 182 ações de limpeza, recolheu 10.281 litros de lixo) e os objetos encontrados são muitos e variados, desde as boias de metal aos diversos tipos de plástico. Alguns são bem antigos – é o caso de determinados brindes de marcas de gelados e de tampas de refrigerantes datados dos anos 60 e 70 – e outros atravessam o oceano através das correntes marítimas, designadamente material de pesca usado na costa leste dos Estados Unidos da América. Os vários tipos de lixo que recolheu nas praias de Torres Vedras levaram à realização da exposição “Quanto lixo existe na tua praia?”, que esteve patente no Centro de Educação Ambiental de Torres Vedras. “Foi mais uma forma de alertar para este grande problema”, salienta.
“Só compro o que preciso”
Para lá da limpeza das praias, há muito que Catarina Soares adotou outros comportamentos amigos do ambiente. “Sou vegan, só compro aquilo de que preciso e reduzi ao mínimo o consumo de plástico”, revela. A propósito da redução no consumo, nota: “Deixei de comprar só porque é giro; agora só compro o essencial”. Uma filosofia que aplica na roupa ou nos acessórios e mobiliário da casa. Quanto ao plástico, diz, “é muito difícil reduzir – a televisão, o computador, o telemóvel, tudo tem plástico”, mas há muito que Catarina afastou do seu quotidiano o uso de certos objetos feitos com base neste material, como os sacos, a tábua de cortar legumes ou os cotonetes com bastonete em plástico. “Já não conseguia viver de outra forma”, confessa, reconhecendo que este seu contributo “é um grãozinho de areia”. Mas sente-se satisfeita por, pelo menos, “não contribuir para agravar o problema”.