Dormem no inverno e despertam na primavera. Os pulgões são o alimento favorito destes adoráveis insetos vermelhos, de sete pintas pretas. As joaninhas são um espetáculo visual para quem ama a natureza. Mas, mais importante, são um sinal de saúde ambiental.
Desde o início da primavera, florestas, bosques e jardins, mas também hortas e zonas agrícolas de Portugal, têm sido palco de um espetáculo fascinante que chama a atenção dos observadores mais atentos aos fenómenos naturais: uma invasão de joaninhas pertencentes à espécie Coccinella septempunctata. Estes pequenos insetos vermelhos, pontilhados com sete pintas pretas, têm despertado a curiosidade de estudiosos, mas também de leigos amantes da natureza.
Também conhecidas pelo nome comum de “joaninhas-de-sete-pontos”, as Coccinella septempunctata podem ser encontradas em várias regiões do mundo, incluindo o nosso país. Durante a primavera, é comum registar-se um aumento na atividade destes insetos, pois as condições climáticas favoráveis, como temperaturas mais amenas, fazem-nas emergir dos seus refúgios, estimulando a reprodução e a procura de alimento. Durante os meses mais frios, pelo contrário, as joaninhas entram em estado de hibernação ou migram para locais mais quentes, em busca de abrigo.
O papel das joaninhas no equilíbrio dos ecossistemas
As joaninhas Coccinella septempunctata são conhecidas pelo seu apetite voraz. Os pulgões – pequenos insetos sugadores de seiva, que podem causar danos significativos às plantas, comprometendo o seu crescimento e produção (no caso das culturas agrícolas) –, são as suas presas prediletas. Ao alimentarem-se destes pulgões, também conhecidos por afídeos, as joaninhas protegem as plantas cultivadas e, ao mesmo tempo, ajudam a manter o equilíbrio dos ecossistemas. Assumem, assim, um papel crucial no controlo biológico de pragas. Apesar de pequenas no tamanho, a sua eficácia como predadores naturais faz delas aliadas valiosas da agricultura sustentável.
As joaninhas desempenham ainda outras funções importantes para os ecossistemas: contribuem para a polinização de algumas plantas, embora em menor escala do que as abelhas ou as borboletas. A sua ação, enquanto polinizadores secundários, pode ajudar a aumentar a diversidade genética das plantas.
A presença das joaninhas é simultaneamente um fator e um indicador de saúde ambiental e de biodiversidade. Isto porque são muito sensíveis e prosperam apenas em ecossistemas equilibrados.
Quem é a joaninha?
É um inseto pertencente à ordem Coleoptera, que se caracteriza por ter os dois primeiros pares de asas – chamados élitros – endurecidos, cobrindo e protegendo o abdómen. Estes élitros são vermelhos, amarelos ou alaranjados, com pontos pretos.
A identificação de algumas espécies é possível através do número desses pontos existentes nas asas. Se, por exemplo, a espécie Coccinella septempunctata apresenta sete pintas pretas, já a Coccinella undecimpunctata ostenta 11. As suas cores brilhantes desencorajam o ataque por parte dos predadores e tanto as larvas como os adultos libertam toxinas quando se sentem ameaçados.
A presença das joaninhas é simultaneamente um fator e um indicador de saúde ambiental e de biodiversidade. Isto porque são muito sensíveis e prosperam apenas em ecossistemas equilibrados.