Perigo de extinção

7 de Outubro 2020

O lince-ibérico é considerado o felino mais ameaçado do mundo e o único classificado como “Criticamente em Perigo” pela União Internacional para a Conservação da Natureza – UICN.

Esta espécie é o único grande mamífero carnívoro endémico da Península Ibérica e o mais ameaçado da Europa.

No início do século XIX, o lince-ibérico, de nome científico Lynx pardinus, tinha uma população estimada em cerca de 100 000 animais, distribuídos por Portugal e Espanha. No início do século XXI, já só restavam menos de 100.

Foram as profundas mudanças do habitat e o declínio da população de coelho-bravo que levaram ao quase desaparecimento da espécie, que em 2002 atingiu os registos mínimos de distribuição na natureza.

“O lince é extremamente especializado ao nível do habitat e da dieta, e foi isso que o condicionou”, explica-nos Eduardo Santos, coordenador do Programa Lince da Liga de Proteção da Natureza (LPN).

O Programa Lince foi criado em 2004 pela Liga para a Proteção da Natureza, em parceria com a organização Fauna & Flora International (FFI), e conta com a participação e o apoio técnico e científico de um grupo composto pelos principais especialistas nesta espécie em Portugal. A sua ação consiste na recuperação da população de coelho bravo – para alimentação – e na conservação e recuperação do habitat do lince ibérico na região do Alentejo e Serra Algarvia, num trabalho feito em colaboração com proprietários, agricultores e caçadores.

Hoje, a população mundial de lince ibérico soma 475 exemplares, 100 dos quais vivem na natureza em Portugal, distribuídos pelo Vale do Guadiana. Espera-se que com o continuar do esforço de reintrodução e com a sua reprodução, a espécie possa ir ocupando as áreas envolventes.

Caso não se consiga travar o processo de extinção do lince-ibérico, teremos o primeiro desaparecimento de um felino na Europa nos últimos 2000 anos.

As nossas escolhas podem ajudar
Dado que a perda e deterioração do seu habitat – os matagais e bosques mediterrânicos – é um importante fator de risco para o lince-ibérico, quando, enquanto consumidores,  escolhemos produtos naturais, provenientes da produção sustentável do habitat mediterrânico (como mel, cortiça, medronho e alfarroba), estamos a promover o desenvolvimento das comunidades locais e, indiretamente, a contribuir para a preservação deste felino.