É tão determinante para a vida como o ar que respiramos. Mas nem sempre temos consciência do seu papel e da imensidão de tudo o que dela depende. Incluindo a regulação do clima e a sustentabilidade da vida na Terra
Comecemos pela cor do céu. Já pensou por que razão é azul? Sim, é a luz que lhe dá esse tom. A luz do sol é composta por todas as cores que conhecemos, mas cada uma tem um comprimento de onda diferente. A luz azul é a que tem um comprimento de onda mais curto, o que faz dela a mais compatível com as moléculas da atmosfera. Estas espalham-na em todas as direções e é isso que faz do azul a cor do céu.
A luz no combate às alterações climáticas
Estudar a luz é perceber também, por exemplo, toda a complexidade do fenómeno da fotossíntese e como ele é determinante para a vida na Terra. É a luz que desencadeia este processo, que converte a energia solar em energia química, utilizada para a produção de compostos orgânicos, sendo um dos produtos finais o nosso ar vital – o oxigénio. É, ainda, na fotossíntese que as plantas retêm carbono.
E estamos a falar de mais do que meras “trocas gasosas” – a luz transforma as plantas em agentes imprescindíveis de purificação do ar e de regulação da temperatura na superfície do planeta.
É por isso que, no contexto atual, os ecossistemas florestais, enquanto sequestradores de carbono, ganham uma relevância acrescida nas soluções para mitigar as alterações climáticas. Em Portugal, por exemplo, o Plano Nacional de Energia e Clima 2021-2030 indica que não basta reduzir emissões poluentes: a floresta nacional, que, atualmente, absorve 8,7 milhões de toneladas de CO2, terá de passar para uma absorção de 12,7 milhões de toneladas até 2030. A floresta, que converte a luz em oxigénio e retém carbono, está no centro da solução.
Luz é energia
O sol quando nasce é para todos. Tal como a fotossíntese permite às plantas transformar a luz solar em libertação de oxigénio e em retenção de carbono, o Homem conseguiu criar formas de transformar a luz do sol em energia. Os painéis fotovoltaicos são a ferramenta a que a ciência chegou para cumprir esse objetivo. A energia solar é vista cada vez mais como uma luz ao fundo do túnel – é gratuita e abundante, não polui e exige pouca manutenção.
E a oportunidade está aí para ser conquistada. De acordo com a Agência Internacional para Energia, o sol esteve na origem de apenas 3,1% da eletricidade gerada mundialmente em 2020, mesmo assim um crescimento de 23% face ao ano anterior. Mais do que uma oportunidade, é uma urgência: segundo a ONU, cerca de 66% da geração de eletricidade ainda utiliza combustíveis fósseis, contribuindo para aproximadamente 60% das emissões de gases de efeito de estufa, responsáveis pelas alterações climáticas.
Luz é arte
Com a luz também se faz arte. Começando desde logo pela fotografia, palavra que vem do grego e que significa literalmente “gravar a luz”. Cinema, teatro e todas as artes cénicas também não vivem sem a luz.
O uso da luz e a sua manipulação revolucionaram igualmente a arquitetura. O estudo do Light Design recorre ao posicionamento estratégico de fontes luminosas, variação de cores e intensidades, transformando espaços pela luz que recebem.
Um dia só para ela
É tal a importância da luz e a sua presença tão fulcral em tantas áreas da nossa vida que desde 2018 existe um dia para lembrá-la. Um dia em que se pretende lançar mais luz sobre a própria luz, iluminando o seu papel na ciência, na medicina, na cultura, na arte, na educação, nas comunicações e no desenvolvimento sustentável. Já em 2015, o então secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que “a luz é um símbolo unificador que significa sabedoria e mexe com a imaginação de todos no mundo inteiro”.
O Dia Internacional da Luz celebra-se a 16 de maio pois foi nesta data, em 1960, que se realizou a primeira experiência bem-sucedida com laser. O laser é um exemplo de como estudar a luz pode trazer verdadeiras revoluções a áreas tão distintas como a medicina, com tratamentos altamente sofisticados, ou a indústria, o comércio e os serviços, com a utilização do já banal código de barras.