A magia dos Livros: sem idade mínima nem perigo de sobredosagem

1 de Abril 2022

Os livros inspiram, educam, exercitam a mente e estimulam a criatividade. Ensinam a ouvir, a falar, a compreender o mundo, a nós próprios e aos outros. Nada pode substituí-los!

Não há idade mínima para descobrir o prazer de ler. Quem diz ler, diz descobrir histórias, cores, o cheiro do papel, personagens, sequências, desafios cada vez mais complexos, numa relação que pode e deve começar muito antes de uma criança ser capaz de juntar letras para formar sentidos. Ouvir os pais ler em voz alta é uma experiência poderosa e insubstituível para o desenvolvimento nos primeiros anos de vida.

Ana Teberosky e Angélica Sepúlveda, da Universidade de Barcelona, estudaram precisamente o impacto desta leitura no estudo “Aprender a partir de la lectura en voz alta del adulto” e as conclusões claras: “Trata-se de um modo privilegiado de enriquecer a aprendizagem da língua (…) pois, ao contrário da interação do quotidiano, a linguagem dos livros contém uma diversidade de exemplos de formas e usos da língua para expressar significados.”

São tantos os benefícios, todos amplamente estudados e comprovados cientificamente, que existe em Portugal um Plano Nacional de Leitura, onde esta se assume como prioridade política e onde a primeira faixa etária contemplada é “0-2 anos”. Descubra os efeitos secundários, muito desejáveis, da leitura partilhada de um livro em papel.

Fortalece a ligação afetiva entre pais e filhos

Parar tudo e abrir um livro a quatro mãos é embarcar numa viagem que oferece novas paisagens, memórias e cumplicidades. Mesmo que seja o mesmo livro já gasto de tanto folhear, de cada vez se fortalece mais a relação entre o adulto e a criança. Parece mágico, mas não é. Os processos estão estudados e não é por acaso que a história na hora de deitar é um clássico. O livro retira-nos da realidade, mas se for no embalo da voz dos pais, não há melhor maneira de fazer a transição para o momento do sono, sem medos e com confiança.

Promove e desenvolve a fala e a aquisição de vocabulário

Uma criança que ouve ler começa a falar mais cedo e com um vocabulário mais rico. Isto acontece porque nas interações do quotidiano a linguagem é muito simplificada, ao contrário do que acontece nos livros. Estudos mostraram que nas conversas comuns com as crianças, só em 15% usamos a construção completa de frases com sujeito, verbo e predicado. A leitura em voz alta é uma forma de enriquecer muitíssimo a experiência linguística da criança e é diferente de contar uma história sem estar a ler. A leitura partilhada de livros é uma “outra fonte de desenvolvimento da língua, especialmente quanto ao léxico, construções gramaticais complexas e estruturas narrativas”, afirmam Ana Teberosky e Angélica Sepúlveda no seu estudo.

Estimula o desenvolvimento cognitivo

Através de livros onde, de forma natural, se adquirem conceitos abstratos como números, formas, cores, além das próprias letras, entendidas como símbolos.

Desenvolve a memória

Quem tem filhos sabe como é surpreendente a capacidade de memorizar histórias, página após página, replicando a entoação dos pais e debitando palavras que às vezes nem entendem. De tal forma que, às tantas, ficamos na dúvida se estão a ler ou a dizer de cor.

Estimula a criatividade e a imaginação

O que é benéfico para todas as crianças, sejam elas naturalmente criativas, ou tenham um espírito mais terra-a-terra ou matemático.

Treina a capacidade de concentração e de escuta

Ler exige uma atenção ativa e isso será importante em todas as fases da vida, a começar pela escola.

Mais facilidade na escola… e na vida!

A longo prazo, crianças que leem têm tendencialmente melhor desempenho na escola e tornam-se adultos para quem o sucesso profissional é mais provável. Hábitos de leitura fazem aumentar a literacia, o espírito crítico, a empatia e a capacidade de expressão. Mas ler – e estamos sempre a falar de livros em papel – reduz também os níveis de stress, em qualquer fase da vida, e por isso é tão recomendável na hora de dormir, ao contrário dos dispositivos eletrónicos.

O Dia Internacional do Livro Infantil comemora-se no dia do nascimento de Hans Christian Andersen, 2 de abril.