O novo livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental revela que, no nosso país, um terço das espécies de mamíferos está em risco de extinção. Ou seja, a biodiversidade está sob grande pressão.
Um trabalho de quatro anos, com mais de 300 investigadores e técnicos envolvidos, permitiu avaliar 82 espécies de mamíferos que habitam no nosso país. O resultado foi a publicação do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental, apresentado no final de abril, e que lança o alerta: “Em Portugal, a biodiversidade também está sob grande pressão, sendo urgente implementar medidas de conservação que consigam diminuir os riscos da perda de espécies.”
Para 33% das espécies avaliadas, ou seja, cerca de um terço, existe risco de extinção – significa que estão incluídas nas categorias Criticamente Em Perigo (CR), Em Perigo (EN) ou Vulnerável (VU). Esta percentagem é mais elevada do que a relativa aos últimos dados conhecidos, publicados em 2005 no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal: das 74 espécies então avaliadas, 23% estavam ameaçadas. A proporção é também superior àquela que é conhecida a nível global: das cerca de seis mil espécies de mamíferos identificadas no mundo, 27% encontram-se ameaçadas, segundo a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza).
O Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental é uma importante contribuição para a planificação de medidas de conservação, não só porque atualiza o risco de extinção para cada espécie, como porque disponibiliza informação de base para o minimizar.
Quais os animais que precisam de proteção?
Das 27 espécies ameaçadas, destacam-se o boto, a orca e o morcego-rato-pequeno, por serem aquelas que se encontram numa situação mais preocupante – estão na categoria Criticamente em Perigo, correspondente ao mais elevado grau de ameaça.
Na categoria Em Perigo, ficaram dez espécies, o que representa 9,2% do total. Neste grupo, encontramos o lobo, o lince-ibérico, o gato-bravo, o toirão, a toupeira-de-água, o musaranho-anão-de-dentes-vermelhos e o musaranho-de-dentes-brancos-pequeno. E ainda três espécies de morcegos – o morcego-de-ferradura-mediterrânico, o morcego-de-ferradura-mourisco e o morcego-lanudo.
A boa notícia é que o lince-ibérico, que estava Criticamente Em Perigo em 2005, já está agora numa categoria menos grave de ameaça. A união de esforços dos programas de conservação de Portugal e Espanha explica esta passagem e mostra a importância deste tipo de iniciativas. Já para o coelho-ibérico e para a lebre-ibérica, o estatuto de ameaça agravou-se desde a última avaliação e estão agora na categoria Vulnerável, juntamente com mais 12 espécies.
Pode aceder à versão digital do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental aqui.
Como a Navigator contribui para a conservação das espécies ameaçadas
Nas propriedades geridas pela The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, estão identificadas 25 espécies de mamíferos, seis das quais se encontram entre as 27 com estatuto de ameaça agora reveladas pelo Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental. São elas o lobo-ibérico (EN), o rato-de-água (VU), o coelho-ibérico (VU), a lebre-ibérica (VU), o toirão (EN) e o rato-de-cabrera (VU).
A gestão responsável das florestas pressupõe uma compatibilização entre os objetivos de produção e a conservação da biodiversidade, e a Navigator dedica um foco especial às espécies com estatuto de ameaça. Com 12,3% do seu património classificado como Zonas de Interesse para Conservação, a empresa realiza ações de restauro ecológico há vários anos, determinantes para este propósito.
“A gestão destas áreas tem como objetivo a manutenção ou melhoria do estado de conservação dos habitats que fornecem as condições de alimentação, de refúgio, e reprodução para as espécies, e que servem também como corredores ecológicos, favorecendo a dispersão natural das espécies e o intercâmbio genético entre populações”, refere Nuno Rico, responsável pela conservação da biodiversidade na Companhia.
Muitas das espécies de mamíferos identificadas nas propriedades geridas pela Navigator têm uma elevada adaptabilidade, pelo que não são necessárias medidas especiais para a sua proteção. “Contudo, quando existem tocas ou ninhadas identificadas, prevê-se uma zona em torno do local onde não sejam realizadas operações florestais que possam causar perturbações”, refere o responsável. Além disso, sendo os cursos de água importantes para os mamíferos, são criados buffers de proteção em redor destas áreas, onde existe condicionamento de atividades.
No caso do lobo-ibérico, e dado o seu estado de ameaça (EN), Nuno Rico explica que a espécie é alvo de medidas especiais: “Em zonas que estão referenciadas com alcateias, apenas são realizadas operações florestais durante o dia, ou seja, não há atividades florestais entre o pôr-do-sol e até 1h após o nascer-do-sol. Isto porque o lobo caça, alimenta-se e está ativo sobretudo durante a noite. Assim, não queremos que haja perturbações nesse período.”