Mamíferos da floresta: Espécies ameaçadas em Portugal

30 de Setembro 2022

Os mamíferos são parte importante da biodiversidade florestal. Descubra algumas das espécies em risco que moram nas florestas portuguesas.

Estão identificadas, globalmente, mais de seis mil espécies de mamíferos, das quais, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, 104 existem no nosso país. Destas, foi possível classificar 74 quanto ao seu estado de conservação e concluir que 24 por cento estavam ameaçadas de extinção. Uma realidade que replica a situação a nível global – estima-se que, em todo o mundo, aproximadamente um quarto das espécies de mamíferos se encontre em risco.

As florestas são o habitat de muitas destas espécies, que nelas encontram alimento, abrigo e as melhores condições para procriar. São, por isso, vitais para a sua conservação.

Descubra algumas das espécies ameaçadas que é possível encontrar nas áreas florestais portuguesas: os seus hábitos e características únicas, a sua importância para o ecossistema, o seu estatuto de conservação e as medidas de proteção que têm procurado reverter a perda de populações.

Cabra-montês (Capra pyrenaica)

Em Portugal, a espécie só existe no Parque Natural da Peneda-Gerês. Gosta da montanha e de florestas de carvalho. É uma autêntica alpinista, capaz de escalar escarpas inacessíveis a outros mamíferos, onde procede à “limpeza” de zonas de mato. Para ela, os efeitos da altitude não constituem um problema. É uma presa importante para o lobo-ibérico.

Estatuto de Conservação: Criticamente em Perigo

Lince-ibérico (Lynx pardinus)

O maior felino de Portugal é um exemplo de sucesso das medidas de proteção de espécies em risco. Devido ao declínio das populações de coelho-bravo, a principal presa do lince, havia em toda a Península Ibérica menos de 100 exemplares no início do século XXI. No último censo, de 2021, foram registados 1365 animais, 209 dos quais em território nacional. O seu habitat são florestas mediterrânicas e é no Vale do Guadiana que os linces portugueses habitam. Essa zona foi escolhida para a reintrodução da espécie, em 2015, precisamente por ser a área com maiores populações do coelho-bravo.

Estatuto de Conservação: Criticamente em Perigo

Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus)

Em dezembro de 2019, a UICN reviu o estatuto do coelho-bravo, que passou de “Quase Ameaçado” para “Em Perigo”, devido a um declínio de aproximadamente 70 por cento nas suas populações nos anos recentes. É muito importante nos ecossistemas florestais portugueses, porque é presa de várias espécies de carnívoros, algumas das quais dependem dela, quase em exclusivo, para a sua sobrevivência. É o caso do lince-ibérico. Tem sido alvo de programas de proteção e recuperação da espécie.

Estatuto de Conservação: Em Perigo

Lobo-ibérico (Canis lupus)

Alimenta-se de várias espécies de mamíferos, desde pequenos roedores a mamíferos de grande porte, como o corço, o veado e o javali. Devido à diminuição das populações destas espécies, o lobo tem procurado alimento em rebanhos domésticos. O que reforça o mito do “lobo mau” entre pastores e agricultores. Mas os predadores são tão importantes no equilíbrio de um ecossistema como as presas. O lobo-ibérico tem, por isso, sido alvo de programas de conservação. O seu abate é proibido e os donos de rebanhos recebem uma compensação monetária se os seus animais forem alvo de ataques por parte de lobos. Atualmente, o lobo-ibérico encontra-se sobretudo nas áreas montanhosas do Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro.

Estatuto de Conservação: Em Perigo

Rato-de-Cabrera (Microtus cabrerae)

É o único roedor endémico da Península Ibérica, o que significa que é a única região do mundo onde existe de forma natural. É herbívoro, alimentando-se sobretudo de folhas, caules e sementes. Pesa entre 30 e 78 gramas, ou seja, é minúsculo. Mas, para muitos predadores, tem tamanho suficiente para presa. Serve de alimento a vários mamíferos carnívoros e também a aves e cobras, o que o torna importante para o ecossistema. Exerce, além disso, funções na oxigenação e permeabilização dos solos e na dispersão de sementes. Encontra-se sobretudo no Alentejo, Ribatejo, Beira Interior e Douro Internacional.

Estatuto de Conservação: Vulnerável

Lobo-ibérico, coelho-bravo e rato-de-Cabrera nas florestas Navigator

Nas florestas geridas pela The Navigator Company, todos os animais são “de estimação”. Mas as espécies com estatuto de ameaça merecem cuidados especiais. O lobo-ibérico, o rato-de-Cabrera e o coelho-bravo são mamíferos que podemos encontrar nos espaços florestais da Companhia. Nas propriedades onde foi detetada a presença do lobo, por exemplo, são respeitados os horários de maior atividade destes animais, evitando-se trabalhos de silvicultura ao amanhecer (uma hora após o nascer do sol) e ao entardecer (uma hora antes do pôr do sol).

A Navigator compatibiliza a gestão florestal com a conservação das espécies através da constituição de zonas com interesse para a conservação da biodiversidade. Estas áreas são geridas com prioridade na manutenção ou melhoria do estado de conservação dos habitats que fornecem as condições de alimentação, de refúgio e reprodução para as espécies. E servem também como corredores ecológicos, favorecendo a dispersão natural das espécies e o intercâmbio genético entre populações.