Mergulhar nos sons da floresta

22 de Fevereiro 2024

Imagine fechar os olhos e ser invadido pelo som de uma floresta ampliado de forma natural. Para quem visita o Centro Natural Pähni, na Estónia, a experiência é real. Três enormes megafones de madeira ajudam os visitantes a “ouvir” melhor o que a natureza tem para dizer.

Quando pensamos numa caminhada na floresta, surgem talvez primeiro as memórias visuais e olfativas, ou a sensação de bem-estar que nos invade pela imersão neste ecossistema natural. Mas a floresta também é feita de sons. Esse universo acústico é o centro de um projeto que levou à instalação de três magafones gigantes, de madeira, nas profundezas de um parque natural na Estónia, mais precisamente no Centro Natural Pähni. Os Ruup – cujo nome advém de “ruupor” (“megafone” em estónio) – ampliam os sons da natureza para que a experiência do passeio seja ainda mais rica.

Birgit Õigus, uma estudante de arquitetura da Academia de Artes da Estónia, foi a autora do projeto, que concretizou com a ajuda dos designers Tõnis Kalve e Ahti Grünberg. Devido à sua dimensão – três metros de diâmetro – e ao estratégico posicionamento em que se encontram, os três Ruup amplificam os sons naturais, proporcionando a experiência auditiva do som aumentado, mas também reproduzido de uma forma verdadeiramente envolvente (surround). Permitem, assim, um “mergulho” mais profundo e intenso na magia daquela floresta de abetos.

As três estruturas são feitas de madeira, pelo que a amplificação dos sons é feita de forma natural, dispensando qualquer tipo de fonte energética.

O tamanho e o design dos Ruup oferecem ainda a possibilidade de os visitantes repousarem no seu interior, as pernas e a mente. Ou simplesmente abrigarem-se da chuva, enquanto a escutam de uma maneira renovada.

Num país em que mais de 50% do território é floresta, é possível, com a ajuda dos Ruup, prestar mais atenção ao que este ecossistema tem para dizer.

“Ler” a floresta

O projeto dos Ruup partiu de um desafio que a Academia de Artes da Estónia fez aos estudantes, para desenvolverem um conceito de Biblioteca Florestal. A ideia de Birgit Õigus foi a selecionada e os Ruup foram instalados em 2015. Hoje, continuam a conquistar os caminhantes e visitantes, que encontram naquela confluência de megafones um estímulo diferente que vem da natureza, ainda que por via de uma construção humana.