Microplásticos: um perigo invisível, mas real

30 de Dezembro 2022

Apesar de não as vermos, as minúsculas partículas que resultam da degradação do plástico entram todos os dias no nosso organismo. Ingerimo-las quando comemos e bebemos, mas também as inalamos ao respirar. Os efeitos nocivos que podem ter na saúde humana manifestam-se a muitos níveis.

Encontramos microplásticos numa série de artigos aos quais estamos diariamente expostos, como garrafas de água, relva sintética e produtos cosméticos. Estas partículas estão também no ar que respiramos e nos alimentos ou bebidas que ingerimos. E têm efeitos nocivos para a saúde humana. Quais são esses efeitos, a longo prazo, ainda não é muito claro, mas vários estudos indicam que podem conduzir ao aumento da resposta inflamatória e toxicidade, e perturbar o microbioma intestinal. E outros dizem que são capazes de afetar as células humanas, levando ao stress oxidativo e respostas imunes (como reações alérgicas).

Num estudo publicado em 2021, cientistas detetaram microplásticos nas placentas de mulheres saudáveis – ou seja, as partículas eram pequenas o suficiente para serem transportadas pela corrente sanguínea.

Como chegam ao nosso corpo

Embora seja necessária mais investigação para entender o impacto dos microplásticos a longo prazo na nossa saúde e no nosso bem-estar, sabemos que eles estão por todo o lado. Por exemplo, podem ser facilmente encontrados numa grande variedade de alimentos e bebidas.  Um estudo descobriu que algumas marcas de água engarrafada estão contaminadas com microplásticos, nomeadamente com o polipropileno usado para fabricar as tampas das garrafas. E foram encontrados microplásticos em cerveja, sal marinho embalado, mariscos e peixe. Alguns saquinhos de chá são feitos de plástico, e as investigações concluem que a sua imersão pode libertar 11,6 mil milhões de partículas de microplástico numa única chávena! Também foi relatada a contaminação por microplásticos em carne bovina e suína, bem como no sangue de vacas e porcos em quintas.

Microplásticos no ar que respiramos

Ingerimos microplásticos com a nossa comida e bebida, mas também podemos inalá-los. Um estudo realizado na Austrália revelou que o pó no ar dentro de casa pode conter uma ampla gama de micropartículas, algumas das quais à base de plástico.

As taxas mais elevadas de inalação e ingestão destes microplásticos foram encontradas em crianças pequenas, e a explicação dos investigadores prende-se com a maior taxa de respiração, combinada com menor peso corporal. Também passam mais tempo a brincar no chão e, frequentemente, levam as mãos à boca, aumentando a probabilidade de serem expostas a microplásticos presentes no pó.

Aspirar a casa pelo menos uma vez por semana ajuda a diminuir os níveis de microplásticos transportados pelo ar, refere o estudo australiano mencionado acima. Nos restantes casos, limitar a exposição a estas pequenas partículas exige mudanças de hábitos, nomeadamente evitar o uso de plástico sempre que possível, substituindo a sua utilização por materiais naturais.

Embalar com segurança e higiene

A substituição do plástico de origem fóssil por soluções de embalagem que têm por base uma matéria-prima natural, proveniente de florestas plantadas e geridas de forma sustentável, é o conceito-chave da agenda “From Fossil to Forest”, liderada pela The Navigator Company, mentora do projeto My Planet.

A primeira expressão desta estratégia foi o lançamento de um conjunto de produtos dirigido ao segmento do packaging, através da marca gKraft. Esta gama tem como elemento diferenciador a utilização da matéria-prima Eucalyptus globulus, abrindo caminho a um novo paradigma de embalagem e estabelecendo uma alternativa sustentável num mercado dominado pelos plásticos de uso único.

Fabricado apenas com recurso a fibra virgem, o gKraft é uma gama de papéis mais segura e higiénica para contacto com os alimentos, nomeadamente por comparação com papéis reciclados, que contêm químicos nocivos.

Alguns recipientes de plástico, mesmo em bom estado, podem libertar micropartículas ao longo do tempo ou quando aquecidos.

Uma pessoa consome, em média, 1.769 partículas de microplástico por semana, só através da água que bebe.

Fonte: WWF, No Plastic in Nature: Assessing Plastic Ingestion From Nature To People