Marc Palahí, diretor do European Forest Institute, foi o keynote speaker da 12ª sessão do Fórum de Sustentabilidade da The Navigator Company, onde lembrou que, por causa das alterações climáticas, pano de fundo do esforço de descarbonização, vamos assistir à maior transformação económica da história humana.
As alterações climáticas estão a mudar o planeta como o conhecemos e tornam urgente um novo paradigma económico assente numa bioeconomia circular, porventura a maior transformação económica da história humana. A ideia foi defendida por Marc Palahí, Diretor do European Forest Institute, nas suas reflexões sobre o papel transformador das florestas e o papel fundamental destes ecossistemas para um futuro sustentável, na 12.ª sessão do Fórum de Sustentabilidade da The Navigator Company, dedicada este ano ao tema da “Proteção Dinâmica da Floresta”.
“Não podemos resolver os nossos problemas com as mesmas soluções. Por isso, precisamos agora de pensar um novo paradigma económico. Uma bioeconomia circular que coloque a natureza, a floresta e as pessoas no centro”, afirmou o Diretor do European Forest Institute, organização cujas atividades passam pela investigação e o apoio na decisão política em questões relacionadas com a floresta, integrando 29 países europeus, entre os quais Portugal.
As florestas são a solução, como destacou Marc Palahí, porque “são o maior ecossistema terrestre de armazenagem de carbono e principal fonte de biodiversidade, mas também a maior fonte de recursos naturais que, geridos de forma sustentável, são renováveis e circulares por natureza”.
Marc Palahí
Diretor do European Forest Institute
Oportunidades para soluções de base biológica
As soluções de base florestal revestem-se de capital importância para a descarbonização da economia e “as boas notícias é que a ciência e a tecnologia já desenvolveram formas de transformar os recursos florestais em soluções de base biológica que substituem produtos de origem fóssil”, prosseguiu aquele responsável, destacando a madeira como “o material mais versátil do mundo”. Palahí acredita mesmo que serão criadas grandes oportunidades para a floresta e o setor florestal nas próximas duas décadas, desde que o investimento seja priorizado no setor florestal e que “quem se preocupa com a proteção da floresta, da biodiversidade, do sequestro de carbono, perceba que as florestas são sistemas dinâmicos, que precisam ser geridos de forma ativa para que possam garantir a adaptação à nova realidade climática”.
“O que estamos a dizer é que bioeconomia e biodiversidade, adaptação e mitigação, são faces da mesma moeda para um futuro sustentável para a floresta”, acrescentou o Diretor do European Forest Institute, alertando para a necessidade de olharmos para as florestas numa relação de longo prazo. “Neste caso, o exemplo europeu é notável nos últimos 50 anos: aumentou simultaneamente a área de floresta, a área de stock em crescimento, o armazenamento de carbono e também a quantidade de madeira utilizada na nossa economia, tendo, ao mesmo tempo, registado um aumento da área de floresta protegida”, enfatizou, justificando este sucesso pela “forte dinâmica do setor empresarial de base florestal, que tem por trás proprietários florestais comprometidos e o investimento no conhecimento científico.”
Um painel alargado de oradores
Promovido pela The Navigator Company desde 2015, o Fórum de Sustentabilidade escolheu Torres Vedras para a edição de 2021, tendo contado com a presença de 90 participantes representativos dos vários grupos de stakeholders da Companhia.
O programa do evento contemplou várias intervenções, nomeadamente de Laura Rodrigues (Presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras), Rosário Oliveira (Investigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Coordenadora do Observatório da Paisagem Protegida das Serras do Socorro e Archeira), Henrique Pereira dos Santos (Arquiteto paisagista e Técnico do ICNF), Miguel Guisado (Diretor da FLOREST– Associação dos Produtores Agrícolas e Florestais da Estremadura), Marta Rodrigues (Chefe da Divisão de Ambiente e Sustentabilidade da CM Torres Vedras), José Veloso (Coordenador da Marcha dos Fortes no Clube de Actividades de Ar Livre, uma ONGA), José Vasques (Coordenador da Região Vale do Tejo da Navigator), António Colaço (Técnico Florestal da Navigator), Carlos Lobo (Professor da Faculdade de Direito da U. Lisboa e sócio da Lobo, Vasques & Associados), Francisco Gomes da Silva (Diretor-geral da CELPA), Margarida Tomé (Professora catedrática do ISA) e Pedro Reis (Investigador do INIAV).
A moderação dos painéis sobre “Boas Práticas de Gestão Integrada da Paisagem” e “Valor Económico como Pilar da Proteção da Floresta” esteve a cargo dos jornalistas Luís Ribeiro, da revista Visão, e Teresa Silveira, respetivamente.
A fechar o Fórum de Sustentabilidade, António Redondo, CEO da The Navigator Company, considerou que “defender a floresta não pode ser uma atitude meramente passiva de conservar o que existe, precisa de estar virada para a valorização futura deste recurso fundamental, tendo sempre em conta o respeito pela natureza, pela paisagem e pela comunidade”.
O mesmo responsável lembrou que “as florestas plantadas são fundamentais para a transição de uma economia linear e fóssil, baseada em recursos finitos, hostil para o clima, e por isso sem futuro, para uma bioeconomia circular sustentável, baseada em produtos florestais renováveis, recicláveis e biodegradáveis, favorável para a natureza e neutra para o clima”.
A 12.ª edição do Fórum de Sustentabilidade encontra-se disponível em http://thenavigatorcompany.com/forum-sustentabilidade-2021/.