O berço da bioindústria nacional celebra 70 anos

12 de Julho 2023

Desafiou convenções, criou inovações mundiais e antecipou o futuro de bioprodutos sustentáveis. No 70º aniversário da fábrica de Cacia da The Navigator Company celebra-se, acima de tudo, a visão dos seus pioneiros.

A 23 de julho de 1953 iniciava-se a produção na fábrica de Cacia da então Companhia Portuguesa de Celulose (CPC), antecessora da The Navigator Company. Um projeto que nasceu com aquele cunho das grandes empreitadas: foi o primeiro grande projeto industrial no setor da pasta e do papel em Portugal e nasceu com a prioridade de “indústria-base”, à qual era atribuído um peso estratégico para reduzir a dependência externa do País.

O desígnio inicial da CPC residia na criação de autossuficiência nacional, produzindo pasta a partir do pinho das florestas portuguesas, que, além de alimentar o setor papeleiro, também desse origem a papel de jornal, de impressão (para tipografias) e de embalagem (kraft). Os objetivos iniciais, porém, rapidamente se revelaram desajustados face à nova realidade da época, já que a dimensão do consumo nacional de papel de jornal dificilmente viabilizava a produção em Cacia, ao mesmo tempo que se tornavam claras as limitações da pasta de pinho português, face à derivada das resinosas nórdicas.

Em Cacia, não se baixou os braços. Contra todas as convicções e padrões da época, no laboratório da fábrica, um grupo restrito de cinco pessoas empenhou-se na análise das condições de utilização do eucalipto globulus, a espécie naturalizada, à época, há mais de um século em Portugal, “para a produção, em Cacia, de pastas cruas e branqueadas”, assim como as “características papeleiras destes produtos”.

Denominado “Projeto TE-24” e desenvolvido em sigilo, este trabalho viria a dar origem aos primeiros pioneirismos mundiais: no começo de 1957, a fábrica de Cacia da Navigator tornava-se a primeira de sempre na produção, à escala industrial, de pasta de eucalipto globulus pelo método kraft, bem como no fabrico de papéis de impressão com 100% de fibra desta espécie.

Mas aquele grupo de visionários foi mais longe. Nas conclusões do Projeto TE-24 era já descrita a extraordinária aptidão da fibra do eucalipto português para usos tão diversificados como os papéis tissue ou produtos de embalagem. O futuro viria a dar-lhes toda a razão.

Soluções sustentáveis de base florestal

Numa altura em que o mundo procura criar novos modelos de desenvolvimento mais sustentáveis e reduzir a dependência dos recursos fósseis, a The Navigator Company está a converter todo o potencial do eucalipto globulus enquanto base de uma nova geração de bioprodutos que enformam uma economia de baixo carbono.

Este é um futuro que passa, de novo, por Cacia: no primeiro semestre de 2024, irá nascer nesta localização aquela que será a primeira fábrica no mundo para a produção de peças de celulose moldada de eucalipto globulus, destinadas a substituir embalagens de plástico fóssil no mercado de “food service” e “food packaging

Trata-se de mais um exemplo da concretização da Agenda From Fossil to Forest, liderada pela Navigator, que traduz o compromisso, expresso no propósito da Companhia, com a criação de valor sustentável para a sociedade como um todo, deixando às futuras gerações um planeta melhor, através de produtos e soluções sustentáveis naturais, recicláveis e biodegradáveis, que contribuem para a fixação de carbono, para a produção de oxigénio, para a proteção da biodiversidade, para a formação de solo e para o combate às alterações climáticas.

Setenta anos depois vai nascer, em Cacia, a primeira fábrica do mundo para a produção de peças de celulose moldada de eucalipto globulus.