O futuro é bio

27 de Novembro 2023

Ciência avançada e tecnologia de ponta estão a criar novas pontes com a natureza. São os caminhos para uma bioeconomia circular, que nos leva de regresso ao coração da floresta.

A Terra é redonda, mas o mundo é muito pouco circular. Segundo dados do Circularity Gap Report, referentes a 2020, apenas reutilizamos 8,6% dos mais de 100 mil milhões de toneladas de materiais que extraímos anualmente. Ou seja, apesar da crescente consciência da necessidade de uma economia mais circular, os sistemas económicos dominantes permanecem alicerçados na mentalidade de “extrair–produzir–descartar” e na crescente sobre-exploração dos recursos. Um cenário que se aplica tanto aos recursos não renováveis, de que são exemplo os minerais e combustíveis fósseis, quanto aos renováveis, como a madeira.

Estamos à beira de não conseguir cumprir as metas estabelecidas para o aquecimento global, pelo que é imperativo fazermos a transformação para uma economia circular, cujo princípio seja “extrair/reciclar–produzir–reutilizar/reciclar”. Num mundo perfeito, os recursos circulariam infinitamente num ciclo fechado, através da reutilização e recuperação contínuas. Mas a verdade é que, seja por ineficiências dos processos ou limitações tecnológicas e/ou físicas, alguns perdem-se no caminho. A solução mais eficaz é substituir os recursos não renováveis por renováveis – assim, estas matérias-primas têm a capacidade de ser regeneradas de forma sustentável, aumentando o potencial de nos permitir satisfazer as necessidades da Humanidade, permanecendo dentro dos limites do planeta. É a chamada bioeconomia circular.

A bioeconomia é um modelo económico baseado no consumo de recursos biológicos para a produção de bens. Numa bioeconomia circular, os recursos biológicos são renováveis, geridos de forma sustentável, recuperados e reutilizados o máximo possível. E numa bioeconomia circular de base florestal, esses recursos biológicos, renováveis e geridos de forma sustentável, têm origem na floresta.

Oportunidade na floresta

Nesta bioeconomia circular de base florestal, as florestas plantadas geridas de forma responsável, como as que estão sob gestão da The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, desempenham um papel crucial. Estão na origem não só de bens e serviços valorizados pelo mercado, tais como a madeira, a cortiça ou a resina, mas também de um conjunto de serviços do ecossistema decorrentes das práticas dessa gestão sustentável – como o sequestro de carbono, a produção de oxigénio, a promoção de biodiversidade, a proteção do solo, a regulação dos regimes hidrológicos torrenciais ou a criação de amenidades paisagísticas.

Um modelo de bioeconomia que inclua a floresta permite atuar em três frentes que se reforçam mutuamente:

  • aumentar o armazenamento de carbono nas florestas;
  • melhorar a saúde e a resiliência da própria floresta, através da gestão florestal;
  • e utilizar os recursos da madeira de forma sustentável, para substituir materiais não renováveis e intensivos em carbono. Os novos bioprodutos que podem nascer daqui vão desde aditivos alimentares a biocompósitos, de biocombustíveis avançados à nanocelulose, substituindo materiais de origem fóssil em setores como embalagens, materiais de construção, têxteis, bioenergia, produtos farmacêuticos e componentes de automóveis.

As florestas são a maior fonte de recursos biológicos renováveis não alimentares, isto é, que não competem com a produção de alimentos. Trazê-las de novo para o centro das nossas vidas vai permitir-nos reconstruir a relação perdida entre ecologia e economia, entre tecnologia e natureza.