Num contexto em que é premente transformar o desperdício em recursos, a bioeconomia circular de base florestal pode dar um grande contributo em direção a uma economia de lixo zero.
Todos os anos, a Humanidade produz cerca de 2,24 mil milhões de toneladas de resíduos sólidos. O número é avançado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que lança o alerta: se não forem adotadas medidas urgentes, a produção de resíduos sólidos urbanos atingirá 3,8 mil milhões de toneladas anuais, até 2050.
A urgência é justificada: o lixo está a “sufocar” o planeta. A poluição por resíduos sólidos constitui uma ameaça significativa ao bem-estar humano e à prosperidade económica e, avisa a ONU, faz agravar a tripla crise planetária que a Humanidade enfrenta: alterações climáticas, perda de biodiversidade e poluição.
Este cenário foi a alavanca para a proclamação do dia 30 de março como o Dia Internacional do Lixo Zero. A efeméride celebrou-se pela primeira vez em 2023 e é uma forma de a ONU chamar a atenção da opinião pública para a importância de reforçar a gestão de resíduos a nível mundial e, simultaneamente, para a necessidade de promover padrões de consumo e de produção sustentáveis, onde se inclui a adoção de hábitos que conduzam à redução da produção de lixo.
Transformar o desperdício em recursos
Em Portugal, e de acordo com a Associação Zero, os números mais recentes mostram que são produzidas anualmente 5,311 milhões de toneladas de resíduos urbanos, que, se fossem reaproveitados, poderiam produzir energia para mais de três milhões de casas durante um mês. 56% destes resíduos acabam em aterros.
O desperdício surge em múltiplas formas, que incluem plásticos, alimentos, têxteis e químicos. Com mudanças reais, que têm de incluir a criação de produtos com menos impacto ambiental e uma gestão adequada dos resíduos, será possível alcançar uma economia circular próspera, considera o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA).
A economia circular procura atingir um ciclo fechado, no qual os recursos que entram acabam por nunca sair do sistema, evitando a sua queima e deposição em aterro. Promover as economias circulares de Desperdício Zero é contribuir para a redução da emissão dos gases com efeitos de estufa, para a mitigação dos efeitos da crise climática, para a conservação a biodiversidade e para a redução da poluição. É também, consequentemente, promover a segurança alimentar e melhorar a saúde humana.
Nas florestas e nas indústrias de base florestal, nada se perde
As florestas estão entre os tesouros mais valiosos do planeta. Contribuem para a regulação do clima, para a proteção dos solos e para a conservação da biodiversidade. As florestas plantadas bem geridas, para além de tudo isto, desempenham um papel crucial na transição de uma economia linear, com a associada produção insustentável de resíduos, para uma bioeconomia circular, onde “nada se perde e tudo se transforma”. Esta transição é suportada em produtos florestais renováveis, recicláveis e biodegradáveis.
Uma vasta gama de matérias-primas naturais com origem na floresta está, atualmente, a dar origem a uma nova geração de bioprodutos capazes de substituir os materiais de origem fóssil, que têm elevado impacto ambiental, nomeadamente os plásticos de uso único.
O aproveitamento de subprodutos do setor florestal, como a biomassa residual (ramos, folhas, ervas, cascas raízes e cepos que resultam das várias operações silvícolas que fazem parte da gestão ativa e responsável da floresta), já é comum para gerar energia. Mas está também a dar vida a novos materiais e produtos, permitindo, assim, reduzir o consumo de recursos primários. Por outro lado, os resíduos da indústria de base florestal estão, igualmente, a encontrar novas formas de valorização.
A The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, tem investido, nos últimos anos, na investigação e desenvolvimento de novos bioprodutos alternativos aos de origem fóssil. A gama gKRAFT, que marcou a entrada da Companhia na área do Packaging, é disso exemplo, e vai, em breve, ser reforçada com novas soluções – nomeadamente embalagens rígidas, de celulose moldada, para o setor alimentar. Nesta, como nas suas tradicionais áreas de negócio, a Navigator tem sempre procurando concretizar todo o potencial de circularidade nos seus processos produtivos, implementando soluções inovadoras, que priorizam a diminuição de resíduos e maximizam a sua reutilização e valorização.