Estima-se que existam, no planeta, dez mil biliões de formigas, e que andem por cá desde o período Jurássico. Parecem insignificantes, mas desempenham um papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas.
Componente importante da biodiversidade, as formigas desempenham um papel significativo no funcionamento e equilíbrio dos ecossistemas.
Elas revolvem e arejam o solo, permitindo que a água e o oxigénio cheguem às raízes das plantas. E fazem um serviço de compostagem, ao levarem matéria orgânica para as suas galerias, contribuindo, assim, para um acréscimo de nutrientes no solo.
Levam as sementes para dentro dos túneis, para comer os seus nutritivos elaiossomas, atirando depois a semente para o “lixo”, onde ela pode germinar e brotar. Como recolhem, preferencialmente, as sementes que se encontram em maior abundância, fazem um controlo da biodiversidade vegetal.
São parte essencial da rede alimentar: comem uma grande variedade de material orgânico e fornecem alimento para muitos organismos diferentes. Comem plantas, sementes, plantas em decomposição e material animal. Muitas espécies comem pragas de insetos, como as térmitas. Outras alimentam-se da melada produzida pelos afídeos (os pulgões, ou piolhos-das-plantas), e acabam mesmo por proteger estes minúsculos insetos de predadores naturais, “domesticando-os” para terem acesso ao alimento. As formigas também são alimento para outros artrópodes, anfíbios, pássaros, mamíferos, e até algumas plantas carnívoras.
Uma verdadeira sociedade
As formigas vivem em sistemas sociais altamente evoluídos e levam vidas que, ao perto, parecem surpreendentemente humanas. Travam guerras e encenam rebeliões, cultivam plantações de fungos e criam pulgões como gado, cuidam dos filhos e dos doentes, e fazem vacinas. Tudo isto foi observado pela bióloga e mirmecóloga (especialista em formigas) Susanne Foitzik, que correu o mundo para estudar estes fascinantes insetos. Em março último, em parceria com o jornalista científico Olaf Fritsche, os seus estudos deram origem ao livro “Empire of Ants: The Hidden World and Extraordinary Lives of Earth’s Tiny Conquerors” (numa tradução livre: “Império das formigas: O Mundo Oculto e as Vidas Extraordinárias dos Minúsculos Conquistadores da Terra”).
Um retrato arrebatador, que oferece uma visão de paralelos entre sociedades de formigas e a nossa, incluindo construção de cidades, ética de trabalho, divisão de tarefas, cooperação intragrupo, guerras mortais e até uma espécie de lealdade nacional.
Riqueza de espécies no eucaliptal
Em Portugal, de acordo com o “mapa de formigas do mundo”, há 133 espécies nativas de formigas.
As plantações de eucalipto apresentam uma elevada taxa de variedade de formigas, superior ao que está documentado para qualquer outro tipo florestal, natural ou plantado. Uma meta-análise feita pela Universidade de Lisboa e o Instituto RAIZ, baseada em pesquisas realizadas entre 1990 e 2015, em dezenas de eucaliptais distribuídos pelo país, identificou 25 espécies de formigas, elevando para 44 o número das que foram encontradas em plantações de eucaliptos em Portugal, ou seja, cerca de 30% do número total de espécies de formigas que existem no país.
