O mundo precisa de mais energia limpa

25 de Janeiro 2024

Segundo dados da ONU, apenas cerca de 29 por cento da eletricidade produzida globalmente provém de fontes renováveis. Para limitar o aquecimento global a 1,5°C, precisamos que esta percentagem passe para 60% até 2030.

Os dois grandes desafios identificados pela Organização das Nações Unidas (ONU) no que diz respeito à produção de energia a uma escala global são o de não deixar ninguém para trás e, simultaneamente, o de proteger o planeta. No fundo, é o que se pretende com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7 (ODS7): garantir o acesso a fontes de energia fiáveis, sustentáveis e modernas a toda a população mundial até 2030.

Numa tentativa de tornar este objetivo mais seriamente assumido e defendido por todos os países, a ONU decretou, em agosto de 2023, que o dia 26 de janeiro passasse a ser o Dia Internacional da Energia Limpa (a data de fundação da Agência Internacional de Energias Renováveis – IRENA –, criada em 2009). A efeméride, que se assinala pela primeira vez este ano, é um apelo à sensibilização e à mobilização ativa, no sentido de uma transição justa e inclusiva para sistemas de energia limpa.

Grande parte dos gases com efeito de estufa que cobrem a Terra e retêm o calor do sol é gerada pela produção de energia, através da queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás). Eliminar e substituir progressivamente estas fontes, que contribuem para o agravamento da crise climática, é fundamental para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, em relação aos níveis pré-industriais – como preconiza o Acordo de Paris.

As fontes de energia renováveis estão disponíveis em abundância à nossa volta – são fornecidas pelo sol, pelo vento, pela água, pelos resíduos, pela biomassa e pelo calor da Terra – e, como o próprio nome indica, estão em contínua renovação. Além disso, sublinha a ONU, emitem poucos ou nenhuns gases com efeito de estufa ou poluentes para a atmosfera.

É preciso fazer mais e mais rapidamente

O mundo não está, contudo, no bom caminho para alcançar o ODS7 até 2030. Atualmente, de acordo com a ONU, 29% da eletricidade produzida globalmente tem origem em fontes renováveis – valor que se situava nos 20% em 2011. Apesar dos progressos, é preciso fazer mais e mais rapidamente.

Segundo o primeiro relatório conjunto da Organização Meteorológica Mundial (World Meteorological Organization) e da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), apresentado na 28.ª Conferência das Partes (COP28), realizada em dezembro de 2023, são necessárias ações mais decisivas para acelerar a substituição dos combustíveis fósseis na produção de energia.

Triplicar a capacidade instalada de produção de energias renováveis até 2030 e duplicar a eficiência energética são, segundo a IRENA, as formas mais realistas, acessíveis e económicas de recuperar o atraso na transição energética e de o mundo se realinhar com os objetivos do Acordo de Paris. No âmbito da COP28, 123 países, incluindo Portugal, comprometeram-se a contribuir para esta meta global.

Portugal no bom caminho

Em 2023, Portugal atingiu um recorde: segundo a REN (Redes Energéticas Nacionais), as fontes renováveis foram responsáveis por 61% do consumo de energia elétrica no nosso país, num total de 31,2 TWh, o valor mais elevado de sempre. Do lado da produção, a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) avança que as fontes de energia renováveis foram responsáveis, no ano passado, por 70,7% da geração de eletricidade.

Como consequência, e segundo a associação ambientalista Zero, as emissões de dióxido de carbono derivadas da produção de eletricidade – 3,7 milhões de toneladas – foram as mais baixas dos últimos 34 anos, desde que Portugal começou a reportar as emissões de gases com efeito de estufa. Este valor representa uma redução de aproximadamente 40% face a 2022, quando tinham sido registadas 6,1 milhões de toneladas.

Ainda de acordo com a Zero, o setor da energia deixou, assim, de ser o principal responsável pelas emissões de dióxido de carbono em Portugal, passando o setor dos transportes a ocupar essa posição.

Os compromissos da The Navigator Company

A estratégia da The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, para a área da energia enquadra-se no contexto mais alargado da sua Agenda de Gestão Responsável 2030 – um referencial estratégico alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e com o propósito corporativo da Companhia.

No âmbito do seu Roteiro para a Neutralidade Carbónica, a empresa foi a primeira em Portugal, e uma das primeiras a nível mundial, a definir o compromisso de atingir a neutralidade carbónica dos seus complexos industriais até 2035, antecipando em 15 anos as metas nacionais e europeias. O seu investimento em descarbonização, entre 2019 e 2028, ascenderá a 340 milhões de euros.

Alguns números revelam como a Navigator está a caminhar de forma consistente no sentido de cumprir os seus ambiciosos objetivos:

  • 66% da energia produzida em 2022 pela Companhia, nos seus quatro complexos industriais, teve origem em fontes renováveis. A empresa é, de resto, o maior produtor nacional de energia através de biomassa (34% do total no país).
  • 76% da energia primária utilizada pela Navigator, em 2022, foi de origem renovável. Um valor que deverá chegar aos 80% em 2030.
  • Mais de 8 milhões de euros: foi o investimento da empresa em projetos para a promoção da eficiência energética nos últimos 5 anos. Este esforço traduziu-se em poupanças de energia na ordem de 100 GWh/ano – valor correspondente ao consumo de cerca de 31 mil habitações (o equivalente a cidades como Viseu ou Setúbal) – e evitou a emissão de aproximadamente 23.000 toneladas de dióxido de carbono.
  • 26,6 GWh de energia elétrica renovável por ano: é a capacidade de produção de uma nova central fotovoltaica que está a ser instalada no complexo industrial da Figueira da Foz e tem entrada em operação prevista para o primeiro semestre de 2024. Este valor é equivalente ao consumo anual de cerca de 10.500 famílias. Implementado em parceria com a EDP, será um dos maiores parques solares para autoconsumo numa empresa em Portugal. Para além da sua dimensão, distingue-se pelo carácter inovador no nosso país: será uma das primeiras centrais a utilizar painéis solares com módulos bifaciais, uma tecnologia que permite que ambos os lados do painel retenham luz solar, aumentando até 30% a capacidade do parque. A nova central permitirá evitar, anualmente, a emissão de mais de sete mil toneladas de CO2.
  • O caminho de diversificação da Navigator nesta área passa também pela investigação e desenvolvimento de biocombustíveis (bioetanol e biometanol) e combustíveis sintéticos (e-SAF e e-metanol), alternativos aos que hoje são obtidos a partir de matérias-primas fósseis.