Parece que estão só ali, a abrir e fechar a boca em silêncio, mas várias espécies de peixes são vocais. Mergulhe connosco neste oceano de sons.
Apesar de viverem debaixo de água, muitos peixes recorrem a uma verdadeira orquestra de sons para se comunicar. Este facto, que parece saído de um conto de fadas subaquático, é, na verdade, pura ciência, e revela um mundo vibrante e sonoro que poucos conhecem.
Mais do que um pormenor interessante e curioso, estes sons têm o valor acrescentado de poder oferecer uma visão única do estado do oceano, ajudando na monitorização dos ecossistemas marítimos.
Recentemente, uma equipa de investigadores de universidades portuguesas acompanhou as alterações de biodiversidade no arquipélago da Madeira, através de uma técnica intitulada monitorização acústica passiva (PAM). O estudo daí resultante, publicado na revista científica Marine Environmental Research, “fornece uma base de referência para o comportamento acústico desta comunidade, possibilitando o desenvolvimento de novos programas de monitorização não invasivos no futuro”, refere o MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, organismo ao qual pertencem seis dos oito investigadores envolvidos.
Esta investigação detetou 43 tipos de sons de peixes. Foi ainda possível identificar 35 espécies de peixes vocais e 102 potencialmente vocais.
O murmúrio das águas
Desde pequenos ruídos até sons mais elaborados, os peixes produzem uma variedade de vocalizações. Mas como, se não têm cordas vocais? A magia, ou melhor, a biologia por detrás disto, está na capacidade de adaptação. Alguns peixes usam os músculos em torno da bexiga natatória – uma espécie de saco cheio de ar, que varia de volume, permitindo-lhes permanecer a diversas profundidades no meio líquido – para criar vibrações. Outros, esfregam ossos ou dentes entre si, gerando sons que viajam surpreendentemente bem debaixo de água.
E porque é que os peixes fazem barulhos? Bem, eles têm muito a dizer! Desde o “namoro” até à marcação de território, passando pelo alarme relativamente a predadores, cada som tem o seu propósito. Por exemplo, o peixe-palhaço – sim, o Nemo – é conhecido por emitir sons para proteger a anémona na qual vive e comunicar com o seu grupo.
Identificar e catalogar os sons dos peixes não é tarefa fácil. O oceano é um lugar barulhento, cheio de ruídos naturais, como o bater das ondas e o crepitar de corais. Apesar destes desafios, a pesquisa continua a revelar novos sons e comportamentos, mostrando-nos que ainda há muito a descobrir sobre os nossos amigos com barbatanas. Queres ouvir o que os peixes têm a dizer? Clica aqui!