Um guia para as empresas promoverem ações sustentáveis de mitigação e adaptação às alterações climáticas.
O Relatório Síntese do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU (IPCC), divulgado em março, é claro: apesar dos esforços globais, a implementação das contribuições determinadas nacionalmente (os compromissos de cada país para reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa e cumprir o Acordo de Paris) “torna provável que o aquecimento exceda 1,5 graus durante o século XXI e difícil que fique abaixo de dois graus Celsius”. Para ainda conseguir atingir esse objetivo, o mundo tem de reduzir praticamente para metade as emissões de gases com efeito de estufa já até 2030, refere este relatório assinado por 93 cientistas.
O IPCC foi estabelecido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988, com o objetivo de fornecer aos líderes políticos avaliações científicas periódicas sobre as alterações climáticas, as suas implicações e riscos, bem como propor estratégias de adaptação e mitigação. Mas à medida que a urgência climática progride, esta necessidade de ouvir a ciência para tomar decisões deixou de ser exclusiva da esfera política e passou a ser essencial também para as empresas, que têm um papel vital nesta luta pelo futuro do planeta.
Iniciativa para o setor privado
Em 2015, ano de adoção do Acordo de Paris, foi lançada a Science Based Targets initiative (SBTi). Esta iniciativa, formada por parceria entre o CDP – Disclosure Insight Action, o Pacto Global das Nações Unidas, o World Resources Institute (WRI) e o World Wide Fund for Nature (WWF), definiu o objetivo de mobilizar o setor privado a estabelecer metas de redução de emissões com base na ciência climática.
No fundo, isto significa conciliar objetivos sólidos e consistentes com a confirmação científica de que resultarão, de facto, na redução de emissões. Neste sentido, as metas são consideradas “baseadas na ciência” se estiverem alinhadas com o que a ciência climática mais recente considera necessário para atingir o definido no Acordo de Paris – limitar o aquecimento global a bem menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e envidar esforços para que o limite se fixe nos 1,5°C.
Ao definirem metas baseadas na ciência, as empresas assumem um papel de liderança no âmbito das alterações climáticas, sem perderem competitividade e fortalecendo a sua credibilidade no mercado através da ação.
No total, até agora, 5.244 empresas aderiram à SBTi. Dessas, 2.819 viram as metas que propuseram serem aprovadas por esta organização global.
Liderança em sustentabilidade
A The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, aderiu à SBTi no final de 2021, tendo imediatamente submetido para validação as suas metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa, que, em 2022, foram aprovadas por esta organização global reconhecida internacionalmente para a avaliação das iniciativas das empresas rumo a uma economia de baixo carbono.
A Companhia comprometeu-se a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa de âmbitos 1 e 2 – referentes às emissões libertadas para a atmosfera como resultado direto das suas operações, bem como das emissões indiretas provenientes da energia elétrica adquirida para uso da empresa – em 63% até 2035, face ao ano de base de 2020. Nas emissões de âmbito 3, que ocorrem na cadeia de valor, o compromisso passa por uma diminuição em 37,5%.
Com a adesão aos SBTi, a Navigator avança no alinhamento com critérios e metodologias de base científica que merecem reconhecimento internacional no âmbito da agenda global do clima, afirmando a sua liderança em sustentabilidade.