Os superpais do reino animal

17 de Março 2025

No reino animal, não faltam exemplos de espécies em que o macho se envolve, partilha ou assume o papel principal na educação, proteção e alimentação da sua prole. Em alguns casos, até na gestação e no parto…

Na natureza, a sobrevivência das crias depende, muitas vezes, do papel ativo dos pais. Em algumas espécies, os machos vão além da reprodução e assumem responsabilidades essenciais, garantindo alimento, proteção e até a incubação dos ovos. Cada um à sua maneira, estes pais dedicados protagonizam algumas das estratégias mais fascinantes do reino animal.

“Mantemos o ovo quente, custe o que custar”

Os machos da espécie pinguim-imperador (Aptenodytes forsteri) têm uma missão primordial na reprodução: são eles quem mantém o ovo quente, durante um período de cerca de dois meses, em pleno inverno na Antártida. As temperaturas podem descer até -45ºC e os ventos atingir os 160 quilómetros por hora, mas os pinguins não desistem do seu ovo.

Cada um com o seu ovo, os machos mantêm-se muito juntos, num aglomerado que garante a incubação. As crias eclodem sob o olhar atento do pai. E se a mãe ainda não regressou da sua busca de alimento, é ele quem oferece a primeira refeição ao bebé pinguim: secreções de uma glândula que esconde, como poder especial, no seu esófago.

“Engravidar e dar à luz? Quem disse que não sou capaz?”

Verdadeiramente revolucionário, o cavalo-marinho (Hippocampus spp.) é um macho que engravida. A fêmea deposita os ovos numa bolsa de incubação, onde serão fertilizados e incubados. Dependendo da espécie, o pai cavalo-marinho carrega os ovos numa gestação que pode durar entre 10 dias e seis semanas.

Assim que os ovos eclodem, o pai dá à luz centenas de minúsculos cavalos-marinhos, através de uma abertura na bolsa. Os filhotes tornam-se de imediato independentes e o pai fica disponível para nova gravidez.

“Querida, não te preocupes, eu trago-te os bebés na hora de mamar”

Com apenas duas semanas de vida, os bebés do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) passam a estar sob os cuidados do pai, que os carrega, o dia inteiro e para todo o lado, às suas costas. As crias apenas são entregues à mãe quando precisam de mamar.

Depois de iniciada a diversificação alimentar, com um mês de vida, é o pai que passa a assegurar as refeições. Por exemplo, descascando frutos, esmagando-os e oferecendo-os aos filhotes.

“Sem problema, cuido dos meus e dos teus”

O macho jaçanã (Jacana jacana) constrói o ninho e assume a responsabilidade pela incubação dos ovos. As fêmeas acasalam com vários machos e é frequente que os ovos que um pai assume como seus não tenham sido todos fecundados por si. Ainda assim, cuida de todos os filhotes, após a eclosão, alimentando-os e protegendo-os. Pode mesmo carregá-los entre as suas asas, para os pôr a salvo do ataque de um predador.

“Filhos meus nunca passarão fome!”

O macho raposa-vermelha (Vulpes vulpes) está muito presente nos cuidados com as crias. Brinca com os seus filhotes, assegura alimento para toda a família e protege-a de predadores.

Quando os filhotes crescem e começam a tornar-se independentes, o pai não corta os laços de forma repentina. Enquanto procura ensiná-los a procurar alimento de forma autónoma, esconde disfarçadamente a caça que ele próprio capturou, em locais que não sejam muito difíceis de encontrar, assegurando-se de que as suas crias não passam fome.

“Ninguém toca nos meus bebés!”

A incubação dos ovos – entre 25 e 30, postos por várias fêmeas –, é da responsabilidade do macho ema (Rhea americana), num ninho que escavou no solo. O processo prolonga-se por seis semanas, durante as quais o pai mal se alimenta e raramente deixa o ninho. Não só está atento à necessidade de afastar predadores, com bicadas ou pontapés, como garante que todos os ovos recebem calor da mesma forma.

Depois de os ovos eclodirem, as crias continuam a ser protegidas pelo pai. O seu instinto protetor é tão forte que pode levá-lo a assumir o cuidado de algum filhote extraviado, que se tenha perdido. Os filhotes ema sabem que o lugar mais seguro do mundo é debaixo das asas de um pai.