Plásticos há muitos

1 de Julho 2022

Conhecer os vários tipos de plástico é o primeiro passo para fazermos escolhas mais conscientes, sustentáveis e saudáveis. Porque as nossas decisões contam, se queremos oceanos livres de lixo.

Mas nesta imensidão poluente que afeta a vida dos oceanos, e, consequentemente, a nossa, existem inúmeros tipos de plásticos, com tempos de decomposição muito variáveis – ainda que sempre demasiado longos. Alguns são facilmente recicláveis, outros exigem meios mais sofisticados. Alguns são reutilizáveis, outros tornam-se perigosos após várias utilizações. Conheça os tipos de plástico mais comuns no nosso dia-a-dia. Mostramos-lhe também o código de reciclagem que os distingue, para que possa olhar as embalagens e tomar decisões informadas.

PET – Polietileno tereftalato

É inquebrável, leve e quase sempre transparente. É dos plásticos mais comuns e encontramo-lo nas garrafas de água e outras bebidas, boiões de alimentos, ou fibras têxteis de poliéster. A sua reutilização deve ser evitada, pois contém substâncias consideradas perigosas para a saúde, que se libertam mediante certas condições (calor, uso prolongado).

PEAD – Polietileno de Alta Densidade

É inquebrável, leve e de elevada resistência química. É usado em tubos rígidos para construção, garrafas de detergentes e produtos de higiene, brinquedos, sacos de supermercado, baldes e outros recipientes domésticos.

PVC – Policloreto de Vinilo

Tem vindo a ser gradualmente substituído pelo PET, depois de serem conhecidos os seus riscos para a saúde e para o ambiente, pois liberta toxinas perigosas ao longo de todo o seu ciclo de vida. É usado em embalagens de detergentes e produtos de higiene, brinquedos, material médico e na construção civil.

PEBD – Polietileno de Baixa Densidade

É uma versão mais flexível e suave do PEAD, que é usada na película aderente, nos sacos para alimentos e congelamento, no plástico-bolha, nos sacos de lixo ou no revestimento interior de embalagens cartonadas. É difícil de reciclar.

PP – Polipropileno

É dos tipos de plástico mais duráveis, resistente a mudanças de temperatura, inquebrável e brilhante. É usado em embalagens de comida para takeaway, palhinhas, tampas de garrafas, fraldas descartáveis, garrafas reutilizáveis para bebidas. Não é totalmente reciclável. Apesar de ser considerado mais seguro do que outros plásticos usados para transporte de alimentos, alguns dos seus componentes também têm um risco potencial para a saúde.

PS – Poliestireno

Tem um baixo custo, mas, tal como o PVC, é hoje considerado um plástico “perigoso”, pois facilmente liberta toxinas prejudiciais para a saúde humana. Apesar disso, é usado em pratos e talheres descartáveis, copos de gelado, lâminas descartáveis, embalagens de transporte, caixas de ovos, esferovite (Poliestireno Expandido) e materiais para isolamento de edifícios.

Outros

Todos os produtos que não cabem nas categorias anteriores ou são compostos por mais do que um tipo de plástico, entram na categoria “Outros”. Normalmente, não são recicláveis. Exemplos: toalhetes húmidos, biberões e garrafas para uso desportivo, óculos, aparelhos eletrónicos, talheres de plástico transparente, CDs e DVDs, tubos de pasta de dentes.

Os dois tipos de plástico mais facilmente recicláveis são o 1 e o 2. Mas sabendo, por exemplo, que uma garrafa de plástico PET demora em média 450 anos a decompor-se, e que os sistemas de reciclagem não são varinhas mágicas que conseguem transformar e reaproveitar todo o plástico produzido e descartado mundialmente, como consumidores temos um papel importante a desempenhar.

Substituir a garrafa de plástico de uso único por uma reutilizável (de preferência de vidro), substituir sacos de plástico por sacos reutilizáveis (de papel ou têxtil), optar por produtos a granel que possam ser transportados em papel ou em recipientes reutilizáveis, são medidas fáceis de adotar. Além disso, pensar sempre duas vezes antes de comprar qualquer produto que contenha plástico torna-se, cada vez mais, um dever de cidadania.

Países unidos para pôr fim à poluição por plástico

O impacto dos plásticos nos oceanos é vasto e vai desde a perda de biodiversidade marinha aos riscos para a saúde humana, passando pelo agravamento das alterações climáticas e pelas perdas para a economia. No dia 2 de março deste ano, 175 estados-membros da ONU concordaram na urgência de resolver a crise global dos plásticos. Foi em Nairobi, na Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente, onde aprovaram a resolução “End Plastic Pollution: Towards an International Legally Binding Instrument” (“Acabar com a Poluição por Plástico: Rumo a um Instrumento Internacional Juridicamente Vinculativo”). Até 2024, deverá ser redigido o acordo globalmente vinculativo para pôr fim a este tipo de poluição.