Poluição Covid: o que fazer?

11 de Agosto 2021

Com a Covid-19, aumentou o consumo de plástico, diminuiu a reciclagem e cresceu a poluição com materiais de proteção individual. O que aprendemos e como vamos agir agora?

Durante a pandemia, os equipamentos de proteção individual (EPI) estão a ser utilizados massivamente, criando numa nova onda de resíduos – o lixo Covid-19, que consiste sobretudo em máscaras e luvas descartáveis, elásticos, garrafas de gel e batas de polipropileno.

Um estudo internacional publicado na Science Direct calcula que a quantidade de lixo de plástico gerado a nível mundial desde o início da pandemia é de cerca de 1,6 milhões de toneladas por dia, com perto de 3,4 mil milhões de máscaras de uso único descartadas. O que deixa antever que a Covid-19 vai reverter longos anos de batalha contra a poluição pelos plásticos, que está a matar a vida selvagem, devido à ingestão, aprisionamento e sufocamento, além de constituir uma nova fonte de microplásticos prejudiciais à saúde humana.

A pandemia interrompeu muitas das políticas e medidas dirigidas a combater a economia linear, reduzir o consumo de plástico de utilização única, aumentar a reciclagem e desenvolver bioalternativas aos materiais feitos à base de combustíveis fósseis.

Por questões de segurança, a doença levou a uma explosão da procura e produção de produtos de plástico de utilização única (como divisórias de proteção e embalagens de comida, com o aumento das entregas em casa). Serviços de reciclagem foram interrompidos para evitar contaminação cruzada e, ao mesmo tempo, a diminuição da procura de energia baixou o preço do petróleo, tornando a produção de plástico virgem ainda mais barata, e reduzindo a viabilidade económica do plástico reciclado.

Para ultrapassar esta situação, especialistas em Ambiente e Recursos Naturais da Universidade de Harvard, recomendam agora uma abordagem ao plástico com foco na inovação. Redesenhar os produtos para serem facilmente reciclados e reutilizados, ou seja, em vez de combinar vários tipos de plástico num produto, o que torna a reciclagem mais cara e difícil, produzir itens de apenas um tipo de plástico e limitar o número de aditivos. Construir uma infraestrutura de reciclagem só para os bioplásticos. Obrigar à incorporação de material reciclado em todos os novos produtos. Descarbonizar a produção através de fontes renováveis de energia e substituir os plásticos à base de petróleo por bioplásticos com materiais sustentáveis. É o caso das fibras de celulose.