O último censo realizado à população de lince-Ibérico voltou a trazer boas notícias: há mais 303 exemplares e as populações ocupam uma área geográfica maior.
Os esforços empreendidos por Portugal e Espanha na recuperação da espécie estão a dar resultados. De acordo com o relatório divulgado pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) no final de maio, relativo à monitorização levada a cabo no ano passado, a população de lince-ibérico conta já com 1.668 exemplares na Península Ibérica. Os números de 2021 apontavam para 1.365.
Do total, 1.407 indivíduos vivem em Espanha, ou seja 84,3%, e 261 encontram-se em solo nacional, o que corresponde a 15,7%. Em Portugal, foram identificados 175 adultos ou subadultos, e nasceram 86 crias de 49 fêmeas reprodutoras. Quanto aos resultados de produtividade, ou seja, o número de crias nascidas por fêmea territorial, foram de 1,8 em Portugal e de 1,7 em Espanha.
O “Censo Lince 2022” registou 15 núcleos populacionais reprodutores de lince-ibérico, dos quais apenas um em solo português, localizado no sul do país, no Vale do Guadiana, e dividido em três subnúcleos: Alcoutim, no Algarve, e Mértola e Serpa, no Alentejo.
O estudo foi conduzido pelas autoridades ambientais competentes, com a colaboração de organizações não-governamentais que apoiam as atividades de monitorização e conservação da espécie. Estas iniciativas têm sido desenvolvidas desde o início do século XXI, altura em que o lince-ibérico esteve no limiar da extinção.
Entre a década de 1950 e pelo menos até ao ano de 2004, assistiu-se a um declínio constante das populações desta espécie em estado selvagem, em toda a sua área de distribuição. A perseguição humana e a escassez de alimento, nomeadamente de coelhos, foram as principais causas deste declínio.
Atualmente, graças aos esforços concertados de conservação levados a cabo por Portugal e Espanha, a população de lince-ibérico tem crescido não só em número, mas também relativamente à sua área de distribuição. Destacam-se os diversos projetos LIFE, desde 2002 até ao presente, bem como o desenvolvimento da reprodução em cativeiro, no âmbito do programa de conservação ex-situ.
O lince-ibérico, considerado “Criticamente em Perigo” em 2005, está atualmente, segundo o Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal, “Em Perigo”, uma categoria menos grave de ameaça.
Crias órfãs espanholas acolhidas em Portugal
Exemplo da cooperação que existe entre Portugal e Espanha para a recuperação do lince-ibérico foi o recente acolhimento em Portugal de duas crias nascidas em Espanha, no seu habitat natural, após o atropelamento e morte da progenitora. Foi no passado dia 1 de junho que os filhotes chegaram ao Complexo de Treino e Recuperação de Lince-ibérico, do Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico, em Silves.
Este Centro é o que dispõe de melhores condições para acolher, recuperar e treinar exemplares nestas condições. Está integrado na rede ibérica do programa de reprodução em cativeiro e é gerido pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Ali, as crias estão a receber cuidados e a ser treinadas, de modo a ficarem aptas para obter alimento na natureza, o que permitirá a sua futura libertação no território de origem.
