Portugal ganha floresta, revela o novo relatório da FAO

28 de Novembro 2025

O mais recente relatório da FAO sobre os recursos florestais do planeta mostra Portugal em contraciclo: enquanto o mundo continua a perder floresta, o país regista um ligeiro aumento face a 2020.

Segundo o Global Forest Resources Assessment (FRA 2025), da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em 2025 quase um terço da superfície terrestre do planeta está coberta por floresta, o equivalente a 4,14 mil milhões de hectares. Ainda assim, o mundo perdeu mais de quatro milhões de hectares desde 2020, sobretudo em África e na América do Sul. A boa notícia é que o ritmo da desflorestação abrandou nas últimas décadas, graças a políticas de reflorestação e de conservação.

A Europa destaca-se como a região com maior área florestal do planeta, ultrapassando os mil milhões de hectares.

Portugal, por seu lado, conta com 3,36 milhões de hectares de floresta, o equivalente a cerca de 36% do território nacional, incluindo o continente e as ilhas. A área é 1,5% superior à estimada em 2020 e reflete um crescimento de 28 mil hectares, resultado sobretudo de ações de reflorestação. Embora o total atual seja ligeiramente inferior ao de 1990 (-2,2%), a tendência recente é de recuperação.

O relatório destaca também que quase um terço da floresta portuguesa se encontra em áreas protegidas (mais de um milhão de hectares) e que a reflorestação e o aumento das plantações continuam a desempenhar um papel essencial na expansão florestal do país.

Uma floresta privada e de origem plantada

A floresta portuguesa é predominantemente privada: mais de 92% da área pertence a proprietários particulares, cerca de 5% é comunitária e apenas 2% pública, o que coloca Portugal entre os países com maior percentagem de floresta privada no mundo.

Do ponto de vista da sua composição, o relatório mostra que as florestas plantadas representam 74% da área total, abrangendo 2,49 milhões de hectares, dos quais 779 mil são plantações florestais. As florestas de regeneração natural cobrem 26% do território florestal (874,6 mil hectares) e incluem uma pequena fração de floresta primária, inferior a 1% (24,77 mil hectares).

Mais carbono armazenado e gestão de longo prazo

O FRA 2025 estima que as florestas portuguesas armazenem cerca de 83,6 megatoneladas de carbono, distribuídas pela biomassa acima e abaixo do solo e pela madeira morta. Este valor representa um ligeiro aumento face a 1990, reforçando o papel da floresta como sumidouro de carbono.

No que respeita à gestão, mais de 1,1 milhões de hectares estão abrangidos por planos de gestão de longo prazo, dos quais cerca de 258 mil hectares se encontram em áreas protegidas. À exceção da floresta Laurissilva da Madeira, gerida com o objetivo primordial de proteção, as restantes áreas sob gestão são de uso múltiplo, conciliando objetivos de produção com funções de proteção do solo, da água e da biodiversidade.

Os dados do FRA 2025 mostram que Portugal está no caminho certo, mas ainda longe de poder abrandar o passo. O país prova que é possível recuperar área florestal e reforçar o papel da floresta no equilíbrio climático, mas também que é preciso continuar a investir na sua gestão, proteção e valorização. Continuar a investir na floresta é garantir um futuro mais sustentável para todos.

A reflorestação e o aumento das plantações continuam a desempenhar um papel essencial na expansão florestal do país