Portugal precisa de mais floresta

14 de Junho 2024

Todos os anos, entram no nosso país toneladas de madeira importada, num movimento pouco amigo do ambiente e da economia. Mais floresta e uma maior produtividade das áreas plantadas são caminhos viáveis para evitar este cenário.

Apesar de as florestas ocuparem mais de um terço do território português, a madeira nacional não é suficiente para suprir as necessidades das várias indústrias que dela dependem. Reconhecidas internacionalmente pela sua qualidade e inovação, e com um relevante Valor Acrescentado Nacional, estas indústrias têm de recorrer à importação para responder à procura crescente de produtos de base florestal – num quadro de transição para um paradigma económico circular e sustentável, com soluções que constituem alternativas naturais e renováveis aos materiais de origem fóssil.

O constrangimento de matéria-prima, que tem conduzido a um aumento das importações de madeira – muitas vezes de qualidade inferior à que é produzida no nosso país e com os desequilíbrios económicos e ambientais que provoca –, não é, contudo, inevitável.

Ou seja, existe um potencial produtivo real no País, que há anos se encontra desaproveitado. Por um lado, 12% do território está ocupado por matos e incultos (COS 2018), a maioria sem valores de conservação, que poderiam ser ocupados com floresta. Por outro, a produtividade das áreas atuais pode ser fomentada através de melhores práticas silvícolas.

Estas duas realidades juntas representam uma oportunidade que Portugal está a perder de se tornar mais competitivo economicamente face a outros mercados. Sobretudo tendo em conta as características de solo e clima que tornam o território nacional especialmente vantajoso e adequado para a produção de certas espécies, como é o caso do Eucalyptus globulus.

Seja qual for a razão principal do constrangimento de matéria-prima – limitações à plantação, no caso do eucalipto, problemas fitossanitários e de envelhecimento verificados nos montados, ou a redução da área de produção, como acontece na fileira do pinho –, o país tem, sem dúvida, potencial para produzir mais.

A importância das florestas plantadas

As florestas plantadas, geridas de forma responsável, são uma peça essencial na transição para um modelo de desenvolvimento mais sustentável. Desde logo porque contribuem para a preservação das florestas naturais, mas também pelo valor intrínseco de todos os serviços de ecossistema que prestam – ambientais, sociais e económicos.

Em Portugal, as florestas constituem, hoje, mais de 3,4 milhões de hectares, ou seja, 39% do nosso solo, de acordo com a Carta de Uso e Ocupação do Solo de 2018 (COS 2018). Uma área muito superior à que se verificava no final do século XIX: segundo uma estimativa publicada em “Geografia e Estatística Geral de Portugal e Colónias como um Atlas”, essa área seria, à época, de apenas 7%.

Foi por via das florestas plantadas que se fez o crescimento da área de floresta em Portugal. Muitas destas áreas florestais plantadas tiveram inicialmente objetivos de produção ou proteção, mas cumprem atualmente muitas outras funções, incluindo a prestação de serviços ambientais e culturais. Por tudo isto, vale a pena investir em mais floresta em Portugal.

Existe um potencial produtivo desaproveitado em Portugal. Por um lado, 12% do território está ocupado por matos e incultos, a maioria sem valores de conservação, que poderiam ser ocupados com floresta. Por outro, a produtividade das áreas atuais pode ser fomentada.