O papel tem cerca de 2000 anos, mas a utilização de madeira no seu fabrico só se iniciou em 1850, baseada na forma como as vespas construíam os seus ninhos.
O Homem regista as suas memórias através da escrita ou do desenho desde os primórdios da Humanidade, inventando os mais variados suportes.
Por exemplo, na Índia usavam-se folhas de palmeiras, na China os livros eram feitos com conchas e carapaças de tartaruga, os esquimós utilizavam ossos de baleia e dentes de foca, e os maias guardavam os seus conhecimentos em cascas de árvores.
Depois surgiu o papiro, inventado pelos egípcios (os exemplares mais antigos datam de 3500 a.C.), feito à base de tiras extraídas do caule de uma planta abundante no Rio Nilo, que eram colocadas em ângulos retos, molhadas, marteladas e coladas.
Após a invasão árabe, o papiro foi substituído pelo pergaminho, mais resistente. Fabricado com pele de animal (geralmente ovelha, cabra ou vaca) moída em cal e acetinada, foi muito utilizado na Idade Média.
O chinês Tsai Lun é considerado o inventor do papel, no ano 105 d.C. Produziu uma substância feita de fibras da casca da amoreira, restos de roupas e cânhamo, que humedeceu e bateu até formar uma pasta. Depois de seca ao sol, uma fina camada desta pasta transformava-se numa folha de papel. Esta técnica obedece ao princípio básico do processo usado até hoje.
O fabrico de papel foi sendo aperfeiçoado e espalhou-se rapidamente pela Ásia Central e a Índia. Os árabes, na sua expansão para o Oriente, tomaram contacto com a produção deste novo material e instalaram fábricas de papel em várias cidades, na altura utilizando quase exclusivamente tecidos. Na Europa, depois das primeiras produções em Itália e na Alemanha, foi-se generalizando o fabrico e apurando as técnicas, também tendo o tecido como base.
“Mastigar” madeira
Foi em 1719 que o entomologista francês René Réaumur sugeriu o uso da madeira em substituição dos tecidos. A ideia surgiu-lhe ao observar que as vespas mastigavam madeira e empregavam a pasta resultante para produzir uma substância semelhante ao papel na construção dos seus ninhos.
Ainda assim, apenas em 1850 seria desenvolvida uma máquina para moer madeira e extrair as suas fibras, que eram separadas e transformadas em pasta de celulose.
Portugal foi, desde o início, um dos países precursores na produção de papel na Europa, sendo conhecidos centros de produção de papel em Leiria e Braga, no início do século XV. Na segunda metade do século XX, o nosso país tornou-se mesmo pioneiro mundial na produção de pasta branqueada de eucalipto globulus, através do inovador processo kraft (separação química das fibras de madeira pelo processo ao sulfato). O feito aconteceu na fábrica da Companhia Portuguesa de Celulose, em Cacia, que hoje é parte da The Navigator Company.
Graças ao uso da madeira, o papel, até então um artigo de luxo, de alta qualidade e baixa produção, foi transformado num bem produzido em grande escala e a preços acessíveis. E tornou-se no produto de origem natural, renovável, biodegradável e reciclável que hoje conhecemos.