Cerca de 17 500 espécies de árvores – 30% do total em todo o mundo – estão ameaçadas de extinção, e há 142 já extintas na natureza. O alerta é do relatório State of the World’s Trees, do Botanic Gardens Conservation International (BGCI), que enfatiza a importância vital das árvores e a necessidade urgente de tomar medidas.
O relatório, que reúne cinco anos de um extenso trabalho de compilação de dados do projeto Global Tree Assessment, refere que o número de espécies de árvores em risco (17 510) é duas vezes superior ao conjunto de mamíferos (3778 espécies), aves (4879), anfíbios (2760) e répteis (2784) considerados ameaçados pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.
Como principais causas das ameaças às espécies de árvores, o State of the World’s Trees refere a perda de habitats para a agricultura: a instalação de pastagens para o gado, a produção de óleo de palma, soja, cacau, borracha, café e plantações para fibra de madeira em países tropicais, são responsáveis por mais de metade da desflorestação mundial. E também destaca o corte de árvores em habitats naturais, particularmente folhosas tropicais, as pragas e doenças, e as alterações climáticas.
Situação em Portugal
No Global Tree Portal (ferramenta online lançada pelo BGCI, com os dados do relatório) podem consultar-se os dados por país. Em Portugal, o risco das espécies florestais é de 8,7%. O país apresenta 103 espécies nativas de árvores, das quais 17 são endémicas e nove estão avaliadas como ameaçadas.
Dessas nove, uma está classificada na categoria mais elevada de ameaça de extinção, como “criticamente em perigo” – trata-se do mocano (Pittosporum coriaceum, na foto) que existe apenas na ilha da Madeira. Quatro estão classificadas como “em perigo”, isto é, em risco elevado de entrar em extinção – o cedro-da-madeira (Juniperus cedrus), o buxo-da-rocha (Chamaemeles coriacea), o azereiro ou loureiro-de-Portugal (Prunus lusitanica) e o marmulano (Sideroxylon mirmulans); e outras quatro estão “vulneráveis”, ou seja, em risco de entrar em extinção na natureza – o dragoeiro (Dracaena draco), o cedro-das-ilhas (Juniperus brevifolia), o aderno (Heberdenia excelsa) e o sabugueiro-da-Madeira (Sambucus lanceolata).
É preciso agir
As medidas de conservação já implementadas, como o facto de mais de dois terços das espécies de árvores estarem representadas em áreas protegidas, e cerca de um terço poder ser encontrada em jardins botânicos ou bancos de sementes, são importantes, mas não chegam, pelo que o State of the World’s Trees deixa o alerta: “É crucial que usemos as informações agora disponíveis para gerir, conservar e restaurar espécies de árvores ameaçadas e a diversidade de árvores. Isso irá prevenir não só a extinção de mais árvores e de plantas, animais e fungos que dependem delas, como também garantir meios de subsistência e a saúde ecológica do planeta”.