A floresta não cuidada, ou abandonada, está mais vulnerável e sujeita ao risco de incêndio. Uma das formas de a proteger reside no acompanhamento sistemático e na gestão florestal sustentável. Mais do que focar a resposta quase exclusivamente no combate aos fogos, é fundamental diminuir a probabilidade de que estes aconteçam ou se propaguem de forma descontrolada.
Cuidar da floresta não se limita ao número de meios para o combate aos incêndios na época crítica – obriga a ações de monitorização e prevenção durante todo o ano. Nas florestas com gestão responsável, tudo é planeado e organizado, desde a plantação até ao corte, passando pelo controlo da vegetação e a manutenção dos acessos e faixas de descontinuidade, num ciclo de operações que acontece nas quatro estações do ano.
Tudo para que, quando a temperatura subir, a humidade descer e o vento aumentar, a floresta esteja melhor preparada para resistir ao fogo e minimizar as consequências dos incêndios. Estas são as florestas que ardem menos e recuperam melhor.
No continente europeu, cerca de 80% do total da área ardida anualmente é registada nos países da zona mediterrânica, sendo Portugal o mais afetado pelos incêndios (140 mil hectares/ano, entre 2009 e 2018). A ameaça dos incêndios florestais tornou-se uma emergência social, ambiental e económica, e exige uma nova abordagem na defesa contra o fogo.
A gestão florestal responsável traz benefícios económicos (maior produtividade), sociais (desenvolvimento rural) e ambientais (potenciando a recuperação de áreas de valor para a conservação e minimizando impactos). As florestas com mais ações de gestão, sob responsabilidade da indústria nacional do papel, constituem um exemplo do resultado destas boas práticas. São 165 mil hectares (cerca de 5% da mancha florestal portuguesa, entre eucalipto, pinheiro, sobreiro e outras espécies), com a gestão florestal certificada, e onde, graças à gestão ativa, se tem conseguido mitigar o impacto dos incêndios: na média dos últimos 10 anos, a área ardida representa menos de 2% no total destas florestas.
Um esforço de todos
A defesa da floresta faz-se na comunhão de conhecimento, comunicação e integração de todos os agentes no terreno – municípios, associações florestais, proteção civil, corporações de bombeiros, indústria, etc. – e durante todo o ano. Independentemente da espécie de árvore, é o planeamento da floresta e a gestão ativa e responsável que diminuem a probabilidade de os incêndios acontecerem, se propagarem descontroladamente e de causarem danos muito significativos. Num país em que predomina o minifúndio e onde a desertificação populacional do interior é uma tendência crescente, a concertação de esforços representa um desafio adicional.
Reduzir a carga de combustível
O combustível mais importante na propagação dos incêndios encontra-se junto ao solo. São os matos, que se acumulam de ano para ano e ficam à mercê do fogo quando os verões apertam. Controlar esta vegetação reduz o risco de propagação de incêndios, caso contrário estão criadas condições para que o fogo evolua rapidamente ao nível do solo e chegue às copas das árvores, tornando os incêndios mais severos e de muito difícil controlo.
Melhorar infraestruturas
Quando o verão começa a abrir os braços, a atividade florestal concentra-se na manutenção da rede viária e das faixas de descontinuidade de vegetação, para facilitar o trânsito dos veículos de combate e criar oportunidades para travar a propagação do fogo. Boas infraestruturas na floresta permitem que os meios possam enfrentar os incêndios de forma mais segura, eficiente e eficaz.