Proteger os insetos é proteger as aves

11 de Outubro 2024

Eles estão em todo o lado, mas são cada vez menos. O colapso dos insetos afeta o equilíbrio dos ecossistemas e ameaça a sobrevivência de inúmeras espécies de aves migratórias.

Os insetos representam dois terços das mais de 1,5 milhões de espécies de animais documentadas no mundo. São os animais mais omnipresentes e diversos do planeta, prestando múltiplos serviços de ecossistema cruciais, como a polinização, a decomposição e o arejamento dos solos. Além disso, estão na base da cadeia alimentar, constituindo alimento para aves, répteis e até mamíferos. Se eles faltarem, é fácil compreender que todas essas espécies ficam em perigo. Por tudo isto, o equilíbrio dos ecossistemas do planeta está fortemente dependente dos insetos.

Para o grupo das aves, e mais concretamente para as aves migratórias, eles são absolutamente vitais. É por isso que a campanha deste ano do Dia Mundial das Aves Migratórias – assinalado a 11 de maio e a 12 outubro – se foca precisamente na importância de reverter o declínio das populações registado em inúmeras espécies de insetos. A campanha “Proteger os Insetos, Proteger as Aves“, lançada pela Organização Mundial de Saúde (ONU), procura aumentar a consciência da opinião pública mundial sobre a relação entre insetos e aves migratórias, num contexto em que ambos enfrentam graves ameaças.

 

Alimento é fundamental para chegar ao destino

Os insetos são fontes de alimento essenciais para as aves migratórias nas suas longas viagens. Segundo a ONU, estas aves “agendam” muitas vezes as suas migrações de forma a fazer coincidir as paragens em certas regiões com a abundância de insetos que é expectável aí encontrarem. O período de descanso é também tempo de se alimentarem, repondo assim as reservas de energia, essenciais para a fase seguinte do trajeto.

A existência de alimento nestes locais de paragem tem impacto no período, duração e cumprimento das suas migrações. Além disso, como relembra a ONU, é crucial para o sucesso reprodutivo das aves.

Mas a realidade, confirmada nos últimos anos, é que as populações de insetos estão a diminuir, fenómeno que se correlaciona com um declínio nas espécies de aves que dependem dos deles para sobreviver.

 

O apocalipse dos insetos

Estamos a assistir à perda de cerca de 9% da população mundial de insetos a cada década que passa. É a conclusão de um estudo publicado na revista Science, em 2020, que traça um diagnóstico abrangente da situação destas espécies a nível global. Os cientistas já chamam a este fenómeno o Apocalipse dos Insetos. Um silencioso colapso que condiciona inúmeras outras espécies de fauna e flora, e todo o equilíbrio dos ecossistemas. Na base deste declínio estão fatores como a desflorestação, o uso excessivo de pesticidas em culturas agrícolas, a poluição e as alterações climáticas.

 

As plantas certas para fazer crescer o número de insetos

Na Herdade de Espirra, em Pegões, distrito de Setúbal, há sementeiras que estão a promover o aumento das populações de insetos. Na propriedade da The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, pretende-se aumentar a biodiversidade, contando com a ajuda destes pequenos invertebrados que estão a ser atraídos por plantas específicas, semeadas para o efeito.

Saiba mais sobre este projeto amigo dos insetos, aqui.

As aves migratórias “agendam” as suas longas viagens de forma a fazer coincidir as paragens em certas regiões com a abundância de insetos que é expectável aí encontrarem.