Na natureza, nem todos os ritmos são acelerados. Há animais que evoluíram para se mover devagar, muito devagar, porque isso lhes permite poupar energia, evitar predadores ou adaptar-se a dietas pobres.
A lentidão pode ser uma estratégia surpreendentemente eficaz. Em habitats onde a energia é limitada, onde a camuflagem exige imobilidade ou quando o corpo simplesmente não foi feito para grandes acelerações, muitos animais evoluíram para se moverem devagar.
A preguiça é um dos exemplos mais conhecidos. Move-se a cerca de 0,24 quilómetros por hora, um ritmo adequado a uma dieta baseada em folhas pouco energéticas. Vive pendurada nas árvores da América Central e do Sul e desloca-se apenas o necessário, reduzindo o gasto calórico e tornando-se mais difícil de detetar por predadores.
Entre os invertebrados terrestres, os caracóis de jardim são os campeões da lentidão. Muitas espécies deslocam-se a menos de um centímetro por segundo, avançando graças a contrações musculares que originam um movimento contínuo sobre o muco que produzem. A lesma segue lógica semelhante e, sem a proteção de uma concha, desloca-se muuuuito lentamente para poupar energia e reduzir riscos: foi observado, por exemplo, que uma lesma-banana grande percorre 16,5 cm em duas horas. O que é caso para fazer uma tartaruga parecer veloz.
Tartarugas que, claro, não podiam faltar nesta lista. Por exemplo, a tartaruga gigante das Galápagos, com a sua carapaça pesada, o metabolismo reduzido e a expectativa de vida elevada, adota um ritmo tranquilo, caminhando apenas o necessário para se alimentar ou procurar novos locais de descanso. Em deslocações rápidas, percorrem um máximo de dois quilómetros por hora.

Lentidão na água
No ambiente marinho, vários animais apresentam ritmos igualmente baixos. A estrela-do-mar, por exemplo, tem inúmeros pés tubulares (algumas espécies chegam a ter 15 mil!), mas nem por isso se desloca velozmente. A sua progressão é inferior a um metro por minuto, mas, dependendo da espécie, pode ser bastante mais lenta.
O manatim, apesar do tamanho imponente, destaca-se pelo movimento calmo, nadando a poucas milhas por hora, com toda a serenidade, enquanto se alimenta de plantas aquáticas.
Os cavalos-marinhos, incluindo os pigmeus, são igualmente lentos. Propulsionam-se com uma pequena barbatana dorsal que vibra rapidamente, mas produz pouco avanço, o que faz com que a deslocação seja mínima. Passam grande parte do tempo agarrados a algas ou corais para evitar serem arrastados pelas correntes. A sua lentidão é, assim, uma estratégia de poupança de energia e de camuflagem, num ambiente onde a discrição é essencial.
Mas o extremo da lentidão é ocupado pela anémona do mar, que permanece quase imóvel durante a maior parte da vida – embora seja um animal, passa longos períodos fixa ao substrato, esperando que os peixes ao redor se aproximem o suficiente para se tornarem na sua próxima refeição. Quando se move, fá-lo tão lentamente que a deslocação se mede em centímetros por hora. Os investigadores conseguiram captar o seu movimento com fotografias em time-lapse.
Ao observarmos estes animais percebemos que a rapidez não é a única via para o sucesso evolutivo. Em muitos casos, mover-se devagar é exatamente o que lhes permite viver mais tempo, gastar menos energia e sobreviver num planeta onde cada espécie tem de encontrar o seu próprio equilíbrio.