Quando o mar ganha asas: à descoberta das raias

13 de Novembro 2025

Com os seus corpos planos e caudas longas, as raias são criaturas marinhas fascinantes. No mês em que se celebra o Dia Nacional do Mar, propomos olhar à lupa estes seres graciosos que parecem voar debaixo de água.

Quase invisíveis no fundo do mar, as raias movem-se com uma elegância silenciosa. O seu corpo achatado e as longas “asas” permitem-lhes deslizar sob a água num movimento que lembra um voo lento e contínuo.

Habitam sobretudo zonas costeiras de águas quentes e pouco profundas, onde se escondem no fundo arenoso, mas também podem ser encontradas em lagos e rios de água doce. Em Portugal, várias espécies ocorrem ao longo da costa atlântica, como a raia-bicuda (Dipturus oxyrinchus), a raia-lenga (Raja clavata) ou a raia-curva (Raja undulata).

Apesar da aparência tranquila, são predadoras habilidosas. Carnívoras, alimentam-se principalmente de crustáceos, peixes pequenos e moluscos que vivem no fundo marinho. A sua forma de caçar é peculiar: usam a boca localizada na parte inferior do corpo para sugar a presa da areia.

Quando as vemos em movimento, parece mesmo que estão a voar pela água. E em algumas espécies isto nem está assim tão longe da verdade, pois deslocam-se batendo as partes laterais para cima e para baixo, como se se tratasse, efetivamente, de asas. A maioria, no entanto, move-se com uma ondulação suave do corpo, semelhante ao movimento de uma onda subaquática.

Parentes dos tubarões, mas com outro temperamento

Não têm dentes afiados nem uma barbatana ameaçadora, mas são “primas” dos tubarões. Ambos fazem parte da família dos peixes cartilagíneos, o que significa que os seus esqueletos são sustentados por cartilagem em vez de ossos. Além disso, as raias partilham com os tubarões as ampolas de Lorenzini, sensores especiais que captam sinais elétricos provenientes das suas presas, ajudando-as a localizar alimentos debaixo da areia.

A sua longa cauda esconde um ou mais espinhos venenosos, que funcionam como mecanismo de defesa. As raias raramente atacam, limitando-se a reagir quando se sentem ameaçadas. Foi precisamente um desses acidentes que esteve na origem da morte trágica do ativista da vida selvagem australiano, Steve Irwin, em 2006, que, enquanto filmava um documentário junto à Grande Barreira de Coral, nadou sobre uma raia-touro em águas pouco profundas, provocando inadvertidamente a reação do animal.

Ao contrário de muitos outros animais (marinhos e não só), as raias nascem completamente desenvolvidas. As crias são capazes de nadar e de se alimentar logo após o nascimento, tornando-se independentes rapidamente, e a maioria das espécies não requer qualquer tipo de cuidados parentais.

Infelizmente, muitas espécies de raias estão em perigo de extinção. Das cerca de 220 espécies conhecidas em todo o mundo, 26 figuram na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como “ameaçadas” ou “criticamente ameaçadas”. A perda de habitat e a pesca excessiva são hoje os principais fatores de risco para a sua sobrevivência.

No movimento calmo e hipnótico com que atravessam as águas, as raias recordam-nos quanto ainda há por conhecer e proteger nos ecossistemas marinhos.