O restauro ecológico assume hoje uma importância capital. Estamos na Década das Nações Unidas para a Recuperação dos Ecossistemas e assistimos recentemente à adoção de um histórico Quadro Global para a Biodiversidade, que prevê o restauro de 30% dos ecossistemas degradados, a nível mundial, até 2030.
A degradação dos ecossistemas afeta 75% da superfície terrestre e tem um impacto negativo no bem-estar de cerca de 3,3 mil milhões de pessoas. Um contexto que veio colocar em primeiro plano a necessidade do restauro ecológico, como forma de preservar os recursos do planeta e combater a fome e a pobreza em vários pontos do globo.
Calcula-se que 75% dos ecossistemas terrestres, a nível mundial, se encontram degradados.
Foi, por isso, especialmente saudada a subscrição por 190 países do novo Quadro Global da Biodiversidade, na última Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP15), em dezembro passado, no Canadá. O acordo, fruto de quatro anos de negociações, inclui metas claras e mensuráveis, bem como medidas para acopanhar a evolução dos processos no sentido de atingir esses objetivos. Entre eles, contam-se:
- restaurar 30% dos ecossistemas degradados a nível mundial (em terra e no mar) até 2030;
- proteger 30% das áreas terrestres, costeiras, marítimas e em águas interiores até 2030;
- Parar a extinção de espécies ameaçadas pela ação humana e, até 2050, reduzir 10 vezes a taxa e o risco de extinção de todas as espécies.
O novo Quadro Global prevê um aumento do financiamento da ação em prol da biodiversidade para, no mínimo, 200 mil milhões de dólares por ano até 2030.
Restaurar 30 % dos ecossistemas degradados a nível mundial (em terra e no mar) até 2030 é uma das principais metas do novo Quadro Global para a Biodiversidade, assinado por 190 países na COP15.
O que ganhamos com o restauro ecológico
A degradação dos ecossistemas coloca em risco os serviços ecológicos que lhes estão associados, como a fixação de carbono, a redução da poluição do ar, a disponibilidade de água potável, a produção de alimentos, a fertilidade dos solos e a redução da erosão. “O restauro ecológico é a melhor tecnologia rapidamente disponível para sequestrar carbono e ajudar a combater as alterações climáticas, sendo também a melhor forma de manter a água no solo e mitigar as inundações e as secas”, refere a investigadora Helena Freitas, professora catedrática na área da biodiversidade e ecologia.
O objetivo do restauro ecológico não é restituir um ecossistema “à sua condição pristina”, mas garantir que este regressa a um estado funcional próximo do inicial. Preservar e regenerar a floresta nativa, requalificar os cursos de água, recuperar as turfeiras e zonas húmidas, e travar e reverter o declínio da biodiversidade são algumas das técnicas usadas.
O exemplo da The Navigator Company no restauro da floresta
Com 11,8% do seu património gerido apenas para propósitos de conservação, a Navigator realiza ações de restauro ecológico há vários anos. Estas inserem-se na sua gestão responsável da floresta, que tem na sustentabilidade um pilar incontornável. “Nas nossas propriedades temos identificados habitats protegidos pela Rede Natura 2000 e outros que, consoante o valor, dimensão e estado de conservação, estão categorizados como áreas de alto valor de conservação ou áreas de proteção”, refere Nuno Rico, responsável pela conservação da biodiversidade na companhia.
Nas suas ações, a Navigator tem apostado em abordar o ecossistema como um todo. “Melhorando o habitat, vamos melhorar todas as espécies que dele dependem”, assegura o responsável.