Rododendro: uma raridade a preservar

16 de Maio 2024

É uma relíquia da floresta Laurissilva, endémica da Península Ibérica, e muito rara. Foi recentemente descoberto um novo núcleo de rododendro, fora das duas zonas onde é habitual encontrá-lo no nosso país.

Também conhecido pelo nome comum de adelfeira ou adelfa, o rododendro (Rhododendron ponticum subsp baeticum) é considerado uma relíquia da floresta Laurissilva, que existia no território de Portugal continental antes da última glaciação (ocorrida entre 35 mil a 20 mil anos a.C.). A espécie é endémica da Península Ibérica, mas tornou-se muito rara. Pertence à família Ericaceae, que inclui várias espécies nativas mais conhecidas, como é o caso do medronheiro (Arbutus unedo), da camarinha (Corema album) ou da urze-roxa (Erica cinerea).

Quem olha para um arbusto ou pequena árvore de rododendro dificilmente acreditará na sua longevidade: a planta pode ultrapassar os cem anos de vida. Outra particularidade surpreendente é que todas as suas partes são tóxicas, tanto para as pessoas como para a maior parte dos animais herbívoros. O rododendro floresce entre maio e julho e as suas flores, de um característico tom violeta, não passam despercebidas.

Novo núcleo em Oliveira de Azeméis

O programa de monitorização da The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, permitiu identificar, em 2023, num habitat bem conservado numa propriedade em Oliveira de Azeméis, um núcleo de rododendros.

Estas comunidades, de distribuição restrita, ocorrem normalmente em dois núcleos distintos no nosso país: na bacia do Vouga (mata do Cambarinho e outras áreas dispersas) e na serra de Monchique e pequenas serras a Norte desta. Este novo núcleo, fora dessas zonas, representa, por isso, um importante registo desta subpopulação.

A área, onde existe um curso de água, já era alvo de proteção, até porque está incluída na Diretiva da Rede Natura 2000, mas vai agora ser monitorizada com mais regularidade, de forma a acompanhar a presença da espécie. “Vamos avaliar a melhor forma de manter e melhorar o estado de conservação do habitat e, se possível, aumentar a dimensão deste núcleo de rododendro”, garante Nuno Rico, responsável pela conservação da biodiversidade na Navigator.

O rododendro é uma das 1.057 espécies e subespécies de flora identificadas e protegidas no património florestal gerido pela Navigator.

Os rododendros encontram-se em dois núcleos distintos no nosso país: na bacia do Vouga e na serra de Monchique. O novo núcleo, fora dessas zonas, representa, por isso, uma importante descoberta.