Murtinhos, ginginhas do rei, bagas do espinheiro marítimo e bagas da aroeira: conheça melhor estas bagas comestíveis, que dão sabor ao outono/inverno.
Quem nunca passou, em criança, ou depois de adulto, com os filhos, divertidas tardes de verão a colher amoras? Mas o tempo mais frio não precisa de pôr fim a este ritual: basta mudar as bagas. Vista o casaco aos miúdos e saiam à descoberta. Levem um saco de papel, que a natureza convida a escolhas sustentáveis, e aproveitem que, no meio das árvores e arbustos, têm todo o distanciamento social que a atualidade exige.
Murtinhos (Myrtus communis)
São as bagas carnudas da murta, um pequeno arbusto muito comum no nosso país. De um negro quase azulado, podem ser colhidas no outono. Há quem as conheça pelo nome de mastruços e quem as confunda com mirtilos, devido ao seu tom muito semelhante. O sabor é, contudo, muito menos doce.
Podem comer-se assim mesmo, acabadas de colher, ou levar-se para casa e deixá-las secar, juntando-as depois aos iogurtes ou aos cereais.
Têm diversos usos culinários, como aromatizantes em molhos e xaropes. E, tal como muitas outras bagas silvestres, prestam-se à arte mais adulta de fazer licor.
Ginjinhas do rei (Celtis australis)
Durante o outono, as bagas acastanhadas do lódão-bastardo cobrem os passeios de muitas ruas e praças portuguesas. Poucos sabem, no entanto, que aqueles pequenos frutos são comestíveis. Que são doces e que até podem ser usados para fazer licor – é precisamente devido a este último uso que acabaram por receber o nome de “ginginhas do rei”.
Bagas do espinheiro-marítimo (Hippophae rhamnoides)
As bagas cor de laranja do espinheiro-marítimo encontram-se nas dunas de algumas praias portuguesas. Não são o tipo de baga para colher e comer no local – são amargas e adstringentes, e só quando estão muito maduras, ou mesmo secas, se tornam agradáveis. Mas têm um grande teor de vitamina C e de vitamina E, e são ótimas quando usadas em geleias, compotas, e até mesmo pratos salgados, de carne ou peixe. E também, claro, em licores.
Colhê-las não é muito fácil, devido aos espinhos. E, se estiverem maduras, não dá para usar luvas, porque se esborracham com muita facilidade. Mas valem a pena um ou outro arranhão!
São também uma importante fonte de alimentação para os pássaros durante o inverno.
Bagas da aroeira (Pistacia lentiscus)
Os pequenos frutos da aroeira, também conhecida como lentisco ou alfostigueiro, começam por ser vermelhos, mas à medida que amadurecem, ao longo do outono, vão escurecendo até ficarem negros. Encontram-se principalmente no Centro e Sul do país, onde este arbusto nasce de forma espontânea, e são comestíveis e muito aromáticos. São primos afastados dos pistachios, pois as árvores-mães pertencem ao mesmo género.