Minuciosas esculturas de papel alertam para a importância dos corais e as ameaças a que estão sujeitos.
Os corais desempenham um papel fundamental nos ecossistemas marinhos, enquanto “hotspot” de biodiversidade: os recifes são habitat para 25% de todas as espécies marinhas conhecidas. Além disso, sequestram carbono do ambiente e protegem as comunidades costeiras de eventos climáticos extremos.
Apesar deste papel crucial, desde 1950 os oceanos do mundo perderam 50% da sua cobertura de recifes de coral. E se não forem tomadas medidas de proteção urgentes, os cientistas estimam que todos os recifes de coral podem estar mortos até 2050.
Para ajudar a sensibilizar para esta causa, o artista Rogan Brown criou a série “Ghost Coral”, em que, através de minuciosos e intrincados cortes em papel, pretende mostrar a essência destes seres vivos. “Tento capturar a beleza, complexidade e fragilidade do recife de coral em camadas de papel simples”, diz, explicando que tem esperança de que, ao recordar às pessoas como esses ecossistemas são surpreendentes, o mundo possa unir-se para os salvar.
No geral, o seu trabalho inspira-se nas narrativas de descoberta e inovação científica, e as suas peças têm por base muita pesquisa, tanto do ponto de vista científico quanto artístico. Para as esculturas que constituem a série “Ghost Coral”, Brown explica ter visitado e observado recifes reais, para além de ter passado inúmeras horas online, a ver imagens de corais, de folha branca e lápis na mão, fazendo esboços de diferentes formas, a partir das quais as esculturas seriam elaboradas.
A escolha do papel como meio para explorar a nossa perceção do mundo natural prende-se com a acessibilidade e simplicidade deste material, e a sua relação intrínseca com a natureza: “O papel incorpora as qualidades paradoxais que vemos na natureza: a sua fragilidade e durabilidade, a sua resistência e delicadeza; há uma simetria poética muito agradável em pegar neste material que foi feito a partir da floresta e em recortá-lo e transformá-lo de volta às origens.”