Solstício de verão: a festa do sol e da mãe natureza

20 de Junho 2022

É o dia mais longo do ano e marca o início do verão. A sua energia renovadora tem sido celebrada desde sempre com festas e rituais em que as flores e o fogo são protagonistas.

O solstício de verão, que no hemisfério norte acontece quase sempre a 21 de junho, é o dia do ano com mais horas de sol e marca o início da estação mais quente. Neste dia, o Polo Norte está na sua inclinação máxima em direção ao sol, e é por isso que é atingido o máximo de horas de luz.

O oposto acontece no hemisfério sul, ou seja, é o dia com menos luz solar e corresponde ao solstício de inverno. É esta inclinação da Terra em relação ao sol, ao longo do seu movimento de translação, que faz com existam estações do ano.

É assim, antes de mais, um fenómeno astronómico. Mas é muito mais do que isso. Ao longo da história da humanidade, tornou-se uma data marcante, carregada de simbolismo e celebrada desde tempos imemoriais. Os ritos pagãos, que ligam este dia à renovação da natureza, ao sol, à fertilidade e aos ciclos das colheitas, foram mais tarde incorporados pelo cristianismo. As celebrações dos santos vieram apenas, em muitos países, dar um novo nome a festas ancestrais.

Em Portugal, os Santos Populares não são mais do que a junção dos rituais pagãos à fé nos santos do cristianismo. Saltar a fogueira, lançar balões de papel iluminados, o alho-porro e o manjerico são tudo exemplos dessa origem pagã das festas de junho, que marcam o início da estação das colheitas.

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Os celtas já faziam fogueiras e queimavam ervas aromáticas como forma de agradecer à mãe natureza, no dia do solstício de verão, as bênçãos da fertilidade.

Noutras paragens, o mesmo fogo

Nos países nórdicos, o solstício de verão é especialmente celebrado, sendo uma das festas mais marcantes do ano. Nestas paragens, a luz do sol em todo o seu esplendor é ainda mais bem-vinda, depois de invernos intermináveis de dias curtos e escuros. Coroas de flores, danças, música, comida e bebida fazem invariavelmente parte das comemorações. Sem santos à mistura.

Na Suécia, por exemplo, a festa chama-se Midsommar e é celebrada na sexta-feira mais próxima do solstício, prolongando-se para sábado. As celebrações incluem um mastro coberto de flores e de folhas estivais, em volta do qual há danças e canções. Muitas pessoas vestem-se com trajes tradicionais de camponeses.

A magia das flores e da natureza

Acredita-se que as flores têm em si toda a magia e energia deste dia, e que usá-las na cabeça trará saúde e boa sorte para o resto do ano. Nos países nórdicos, por exemplo, existe a crença de que se as raparigas solteiras colherem, no dia do solstício de verão, sete tipos de flores silvestres e as puserem debaixo da almofada, na hora de dormir, irão sonhar com seu futuro amor durante a noite.

É um ótimo dia para juntar os amigos e passear na floresta, colher flores para enfeitar o cabelo e a casa, inspirar o ar mentolado dos eucaliptos e resinoso dos pinheiros, descalçar os sapatos e sentir a comunhão com as raízes das árvores. Para pôr o despertador para mais cedo e apreciar o nascer do sol, caminhar sob o orvalho da manhã e sentir a energia poderosa da natureza.

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Monumentos para interpretar o sol

Há monumentos que indicam que já na pré-história o solstício de verão era um fenómeno astronómico conhecido. Stonehenge, em Inglaterra, é um exemplo. Quem está no centro do monumento megalítico, no dia do solstício, pode contemplar o nascer do Sol sobre Heel Stone, um megálito que se ergue no exterior do círculo principal.

O monumento permitia, três mil anos antes de Cristo, determinar datas significativas, como os solstícios. Atualmente, centenas de pessoas reúnem-se em Stonehenge para celebrar o solstício de verão, e é a única noite do ano em que é permitido permanecer no local para ver nascer o sol.

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As pirâmides do Egito são outro exemplo de monumento que revela noções antigas de astronomia: as Grandes Pirâmides foram construídas de forma que o Sol se ponha exatamente entre duas das pirâmides, no solstício de verão, quando visto a partir da Grande Esfinge de Gizé.

Solstício: a palavra tem origem no latim Solstitium (sol imóvel) e tem a ver com o facto de o Sol parecer travar o movimento diário que, visto da Terra, vem fazendo até então.