A bioeconomia de base florestal está a ganhar protagonismo, enquanto alternativa sustentável ao paradigma fóssil. Portugal tem tudo para prosperar nesta transição, que coincide com a necessidade de reindustrialização da Europa.
A União Europeia (UE) lançou a primeira estratégia de bioeconomia em 2012. Denominada “Inovação para o Crescimento Sustentável: Uma Bioeconomia para a Europa”, esta foi revista em 2018, tendo sido estabelecidas como prioridades: o reforço e crescimento em escala dos setores de base natural; a implementação rápida de bioeconomias locais por toda a Europa; e a consideração dos limites da bioeconomia, nomeadamente a oferta sustentável de recursos biológicos e a aceitação, por parte do consumidor, dos bioprocessos e bioprodutos. A circularidade e a sustentabilidade são dois fios condutores presentes nesta estratégia.
Em 2019, a bioeconomia europeia valia já 2,4 biliões de euros, gerando 18 milhões de postos de trabalho, incluindo os setores da agricultura, silvicultura, pescas, alimentação e produção de pasta e de papel, bem como setores das indústrias química, biotecnológica e energética, segundo o EU Bioconomy Progress Report, de maio de 2022.
Em Portugal, o Plano de Ação para a Bioeconomia Sustentável foi publicado em 2021, para um Horizonte 2025, nele se afirmando que “a Bioconomia é o único modelo económico capaz de dar resposta aos desafios da Humanidade.” Este é um plano nacional sustentado em cinco eixos de intervenção chave, entre os quais a promoção da investigação, desenvolvimento e inovação, e a valorização da capacidade científica e tecnológica nacional de excelência.
Nas metas nacionais desta estratégia contam-se o incentivo à produção sustentável e utilização inteligente de recursos biológicos de base regional, bem como o desenvolvimento de uma bioindústria circular e sustentável, com base em inovação na cadeia de valor e nos processos.
As florestas no centro da bioeconomia
As florestas plantadas e bem geridas ganham, assim, uma nova centralidade enquanto solução para os desafios das alterações climáticas e da transição de uma economia fóssil e linear para um novo modelo de bioeconomia circular, em harmonia com a natureza. Os produtos de base florestal são naturais, renováveis, recicláveis e biodegradáveis, e uma alternativa aos de origem petroquímica, com benefícios em termos de emissões de gases com efeito de estufa e uso eficiente dos recursos.
Em Portugal, a indústria de pasta e papel, baseada nestas florestas plantadas e geridas de forma ativa, está particularmente bem posicionada para responder aos desafios da sustentabilidade do planeta: usa como principal matéria-prima um recurso renovável – madeira e biomassa lenhocelulósica –, é uma indústria tendencialmente neutra do ponto de vista do balanço das emissões carbónicas, e os seus processos e produtos, recicláveis e biodegradáveis, são exemplos das melhores práticas de economia circular.
Neste quadro, as fábricas de pasta e papel estão a evoluir para verdadeiras biorrefinarias, nas quais a madeira e biomassa florestal, bem como subprodutos industriais e florestais, são convertidos, através de processos energética e ambientalmente eficientes, em fibra celulósica, materiais papeleiros, bioenergia, biocombustíveis e bioprodutos alternativos ou análogos aos de origem petroquímica, tornando este setor um pilar da moderna bioeconomia circular.
Até 2050, de acordo dados da CEPI – Confederação Europeia das Indústrias do Papel, prevê-se um aumento de cerca de 50% do VAB do setor da pasta e papel, sendo 40% deste aumento atribuído aos novos bioprodutos que já estão a ser desenvolvidos.
A indústria de pasta e papel, baseada em florestas plantadas e geridas de forma ativa, está bem posicionada para responder aos desafios da sustentabilidade do Planeta.