Turismo sustentável

16 de Agosto 2021

Aliviadas as restrições às viagens, o setor do turismo vai recuperar este ano. Isto é ótimo para a economia, mas coloca pressão sobre os recursos do planeta. Saiba como viajar de forma sustentável, minimizando a pegada ecológica e contribuindo para as comunidades locais.

Depois de mais de um ano de confinamento e restrições às deslocações, devido à Covid-19, o verão de 2021 chegou cheio de expectativas.

Os estudos mostram que os consumidores mudaram e que procuram agora experiências sustentáveis que combinem a sua necessidade de bem-estar com a do planeta: 58% estão a pensar mais em sustentabilidade desde que a pandemia começou, de acordo com o relatório da consultora Accenture sobre os desafios do setor para 2021.

Mas a verdade é que, embora 86% dos viajantes ouvidos para este estudo afirme querer viajar de forma mais sustentável, apenas metade desse número diz conseguir fazê-lo. Se faz parte dos que não sabem por onde começar, deixamos-lhe algumas dicas sobre como pode viajar de forma mais responsável, ajudando a conservar a riqueza natural e cultural dos destinos, e contribuindo para um impacto positivo na comunidade.

Escolher o que é certificado
As certificações ISO – International Organization for Standardization são uma garantia de que as empresas e os produtos cumprem boas práticas aceites globalmente. Portanto, quando pensar em reservar um alojamento sustentável, está a fazer uma boa escolha se o local tiver certificação ISO 21401, que assegura uma gestão que reduz o impacto ambiental e contribui de forma positiva para a economia local.

Se o seu estilo é mais acampar num festival de verão, ou desfrutar de outros eventos ao ar livre, privilegie os que cumprem as regras ISO 20121, ou seja, uso eficiente de recursos, respeito pelos trabalhadores e avaliação do impacto do evento na comunidade.

Caso se imagine a mergulhar em águas transparentes, a ISO também tem números para si: empresas com certificações ISO 21416 e 21417 respeitam o ambiente aquático e promovem boas práticas, como impedir os mergulhadores de alimentar ou de recolher vida aquática.

O turismo de aventura é regulado pelas normas ISO 20611, para minimizar os impactos ambientais, económicos ou sociais negativos. E qualquer escapadela que faça de turismo na natureza deve privilegiar empresas e serviços com certificação ISO 18065, atribuída pelas autoridades que regulam as áreas naturais protegidas.

Escolher bem o transporte
O avião (responsável por cerca de 2,5% das emissões globais de gases de efeito estufa, de acordo com um estudo da IATA) e o automóvel são os transportes que emitem mais CO2 por passageiro, por quilómetro. Mas a indústria de navios de cruzeiro, pela sua dimensão, é também um grande poluente. Se possível, evite-os, optando por meios mais ecológicos, como o comboio.

Se tal não for possível, tente minimizar o impacto privilegiando voos diretos, por exemplo, já que a maioria das emissões são libertadas a levantar voo e a aterrar. Ou tente compensar: ao comprar o bilhete de avião, muitas companhias têm a opção de pagar uma taxa de offset da pegada ecológica do voo.

No destino, privilegie as redes de transporte público para se deslocar e aproveite os shuttles dos hotéis e eventos. Também tem opções ainda mais verdes, como as bicicletas elétricas, e outras não poluentes e boas para a saúde, como as bicicletas tradicionais ou caminhar.

Planear ao fazer as malas
Há maneiras muito simples de reduzir a sua pegada ecológica quando viaja, concentrando-se apenas no momento de fazer a mala: levar pouca bagagem, porque quanto mais peso transportar, maior será o consumo de combustível necessário para a deslocação; escolher roupa que não precisa de ser passada a ferro, para reduzir o consumo de energia; e levar consigo alguns produtos para diminuir o consumo de plástico, como palhinhas de metal, garrafas de água reutilizável e produtos de higiene pessoal (em vez das embalagens de utilização única dos hotéis).

Escolher alojamento sustentável
Há vários sites com listas de hotéis verdes, por isso, pesquise antes de decidir. Mas, logo à partida, evite hospedar-se em infraestruturas construídos em áreas de preservação e ecossistemas frágeis. Depois, privilegie as que foram construídas com materiais sustentáveis, que usam energias renováveis e promovem a poupança de água, e que servem alimentos de produção local e evitam o desperdício.

Há ainda estabelecimentos turísticos que assumem um compromisso com a responsabilidade social, contribuindo para a comunidade onde se inserem, empregando habitantes locais e pagando ordenados justos. E outros que estão envolvidos em projetos de conservação ambiental, podendo, por vezes, o visitante participar também nessa tarefa.

Fazer atividades na natureza
Umas férias mais verdes e em comunhão com a natureza, fonte de bem-estar físico e mental, podem incluir atividades de observação de pássaros, visitas a quintas pedagógicas, caminhadas por parques naturais, ou a descoberta de praias fluviais. Mas sempre com cuidado, para não causar impactos negativos por onde passa.

Entre outras coisas, não faça lixo: se não houver um caixote, leve os resíduos consigo; nunca traga recordações retiradas do local que visita, como pedaços de coral ou plantas; respeite os animais locais, evitando passeios de elefante ou burro, ou fotografias com animais selvagens em cativeiro.

Ter comportamentos verdes
Todas as suas pequenas escolhas podem ser mais ecológicas. Compre apenas o imprescindível e privilegie a arte local em materiais sustentáveis, em detrimento das lembranças massificadas e de plástico. No alojamento, não mude de toalha e de lençóis todos os dias, para poupar água, energia e químicos. Nem use materiais descartáveis, como copos e palhinhas de plástico. E desligue sempre o ar condicionado quando sai do quarto.

Boas viagens!