Entre todo o lixo marinho encontrado em Portugal em 2022, 88% era plástico. Este material continua a ser uma das maiores ameaças, a nível global, para a fauna e a flora que habitam os oceanos.
Todos os anos, milhares de animais marinhos são enredados, estrangulados ou sufocados por detritos que continuam a “devorar” o mar e os oceanos. Os recifes de corais e as plantas marinhas não escapam a este drama ambiental, acabando por adoecer devido à poluição. O plástico é, de longe, o material que mais afeta a saúde dos oceanos. O equilíbrio do ecossistema marinho está continuamente ameaçado, a nível global, e a sua proteção exige legislação, monitorização e fiscalização por parte dos países e organizações internacionais.
Os dados mais recentes da Agência Portuguesa para o Ambiente (APA), referentes ao Programa de Monitorização do Lixo Marinho, revelam que, em 2022, 88% dos materiais encontrados e classificados como lixo marinho eram de plástico, sendo que os de utilização única corresponderam a 31%. De referir ainda que todos os itens que constituíram o top 10 dos artigos mais encontrados tinham como material constitutivo o plástico.
Além do lixo plástico visível, os microplásticos – pequenas partículas com uma dimensão menor do que 5 mm –, têm-se revelado uma enorme ameaça. Os organismos marinhos ingerem estas partículas, fazendo-as, assim, entrar na cadeia alimentar, o que traz riscos também para a saúde humana.
A acumulação de plástico nos oceanos tem vindo a ser identificada como um dos maiores problemas ambientais dos nossos tempos. Para combater os impactos desta ameaça, é fundamental adotar medidas que contribuam para a redução da poluição. Substituir e evitar o uso de plásticos descartáveis estão entre as primeiras. Uma das formas de reduzir o recurso ao plástico, nomeadamente nas utilizações de uso único, é substituí-lo por produtos como o papel, um material de origem natural, renovável, reciclável e biodegradável. Promover a reciclagem adequada, a limpeza de praias e a consciencialização pública sobre a importância da preservação dos oceanos e da vida marinha são outros caminhos a seguir no sentido de fazer diminuir o mar de plástico que está a ameaçar os oceanos.
Portugal antecipa para 2026 a meta de proteção de 30% de áreas marinhas
A urgência de inverter a perda de biodiversidade nos oceanos e os impactos das alterações climáticas levou o governo português a antecipar para 2026 a meta da criação de 30% de áreas marinhas protegidas – um objetivo inicialmente previsto para 2030, no quadro das Nações Unidas. Esta antecipação foi anunciada em outubro passado, no Fórum de Investimento na Economia Azul Sustentável.
As Áreas Marinhas Protegidas são zonas preservadas por lei, onde se limita a atividade humana para permitir às espécies recuperarem e para manter habitats intactos. Recorde-se que em Portugal apenas 7,92% de áreas marinhas são protegidas e só 0,7% dessas áreas são monitorizadas. Apesar de ter um território terrestre exíguo, o espaço marítimo de Portugal é um dos maiores do mundo. Com uma jurisdição sobre quase 50% do espaço marítimo europeu e quase 50% dos respetivos solos e subsolos marinhos, o nosso país tem a segunda maior área marítima da União Europeia.