De 1970 até aos dias de hoje, perderam-se 35% das Zonas Húmidas que existiam no Planeta. Proteger e restaurar estes ecossistemas é urgente e crucial para garantir a vida na Terra.
Refúgios de biodiversidade e fundamentais no armazenamento e regulação da água doce, as Zonas Húmidas são determinantes para o equilíbrio do Planeta. Nelas se incluem estuários, sapais, pântanos, mangais, rios, ribeiras, charcos, recifes de coral e arrozais, abrangendo tanto ecossistemas de água doce como salgada, costeiros ou interiores, naturais ou criados pelo ser humano. E delas depende o bem-estar dos seres humanos, mas também a sobrevivência de inúmeras espécies animais e vegetais.
De acordo com a Convenção sobre Zonas Húmidas (ou Convenção de Ramsar), estes ecossistemas cobrem apenas 6% da superfície da Terra, mas asseguram habitat ou local de reprodução a 40% de todas as espécies vegetais e animais. Algumas das plantas e algas que os integram têm um importante papel de filtragem e purificação da água, removendo substâncias químicas, metais pesados e outros poluentes – daí serem frequentemente apelidadas de “rins do Planeta”. Além disso, as Zonas Húmidas ajudam a prevenir cheias e inundações, ao absorver o excesso de água, e capturam e armazenam dióxido de carbono, contribuindo para mitigar os efeitos das alterações climáticas.
Este ano, o Dia Mundial das Zonas Húmidas, celebrado a 2 de fevereiro, tem como tema “Proteger as Zonas Húmidas para o nosso futuro comum” – uma chamada de atenção global para a importância vital destes ecossistemas enquanto “essenciais para o nosso bem-estar universal e sobrevivência a longo prazo”. Proteger e valorizar as Zonas Húmidas é um compromisso com o futuro, um passo para garantir a continuidade da vida no Planeta tal como a conhecemos.
As Zonas Húmidas estão a desaparecer
Em todo o mundo, existem oficialmente mais de 2.500 Zonas Húmidas de Importância Internacional. Em Portugal encontram-se 31 dessas áreas, cobrindo um total de 132.487 hectares, incluindo locais icónicos como a Ria Formosa, os Sapais de Castro Marim e os estuários do Tejo e do Sado.
No entanto, os números são alarmantes. Segundo a Convenção de Ramsar, mais de 85% das Zonas Húmidas que existiam no Planeta no início do século XVIII desapareceram. E de 1970 até aos dias de hoje, perderam-se 35% destes ecossistemas. Esta destruição reflete-se diretamente na perda de biodiversidade: as populações de espécies das Zonas Húmidas interiores diminuíram 81%, enquanto nos habitats costeiros o declínio foi de 36%.
Entre as principais causas desta degradação estão a seca, a urbanização descontrolada, a agricultura intensiva e práticas inadequadas de gestão da água.
As florestas e as Zonas Húmidas
Ao contribuírem para a regulação do ciclo da água, as florestas desempenham um papel importante na preservação das Zonas Húmidas. As árvores e a vegetação florestal atuam como esponjas naturais, absorvendo a água das chuvas e libertando-a gradualmente, contribuindo para a manutenção dos níveis hídricos daqueles ecossistemas.
A proteção das Zonas Húmidas é uma das prioridades numa gestão florestal responsável. Exemplo disso é a estratégia da The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, nos cerca de 109 mil hectares que tem sob a sua responsabilidade em Portugal continental. O cuidado dedicado às linhas de água e às galerias ripícolas reflete uma consciência clara da importância vital destes habitats. A empresa mostra, assim, como as florestas plantadas bem geridas contribuem para a proteção das Zonas Húmidas. E para o nosso futuro comum.