Papel ou plástico? Uma escolha que faz (mesmo) a diferença

No mês em que se celebra o Dia Mundial da Reciclagem, vale a pena olhar com mais atenção para aquilo que colocamos no ecoponto. A diferença entre colocar papel ou plástico vai muito além do tipo de contentor: pode traduzir-se num impacto ambiental considerável e duradouro.

Sabia que o papel é um dos materiais mais reciclados na Europa? Segundo a Confederação Europeia das Indústrias do Papel (CEPI), a taxa média de reciclagem do papel na Europa foi de 79,3% em 2023, atingindo antecipadamente a meta de 76% estabelecida para 2030.

Já o plástico apresenta uma realidade bem diferente. Os dados mais recentes do Eurostat indicam que, em 2022, a União Europeia reciclou 41% dos resíduos de embalagens de plástico gerados.

Em Portugal, de acordo com a Sociedade Ponto Verde, de entre as 476.605 toneladas de embalagens encaminhadas para reciclagem no ano passado, 158.146 toneladas eram de papel/cartão, e apenas 85.548 eram de plástico.

Ou seja, grande parte do plástico que utilizamos acaba em aterros ou é incinerado, contribuindo para emissões de gases com efeito de estufa e para a poluição dos solos, rios e oceanos. Além disso, o processo de reciclagem do plástico é mais complexo e menos eficiente. Segundo a European Environment Agency (EEA), existem muitos tipos de plásticos diferentes, o que dificulta a sua separação e reaproveitamento. E, mesmo quando é, efetivamente, reciclado, o plástico sofre “downcycling”, isto é, perde qualidade a cada ciclo, limitando o número de vezes que pode ser reutilizado (dados da Ellen MacArthur Foundation).

Para uma economia mais circular

Os produtos de origem celulósica, como o papel, são naturalmente biodegradáveis e mais facilmente integrados num ciclo de reciclagem eficiente. A sua reciclagem consome menos energia e gera menos emissões do que a reciclagem de plástico ou de alumínio, por exemplo. E se forem feitos a partir de eucalipto globulus – como os fabricados pela The Navigator Company, mentora do projeto My Planet – têm ainda uma vantagem adicional: suportam mais ciclos de reciclagem, graças à maior resistência da fibra. (Leia mais aqui sobre as embalagens com mais vidas.)

Embalagens de papel, sacos reutilizáveis, recipientes para takeaway, copos e até palhinhas: hoje, os materiais celulósicos substituem cada vez mais o plástico descartável. A sua versatilidade, facilidade de reciclagem e menor pegada ambiental tornam-nos numa solução mais sustentável em múltiplas aplicações do dia a dia.

Escolher papel em vez de plástico é também um passo rumo a uma economia mais circular. Os materiais celulósicos podem ser reciclados várias vezes, têm origem renovável – quando provenientes de florestas geridas de forma sustentável – e ajudam a reduzir a dependência de combustíveis fósseis e de matérias-primas não renováveis.

Neste Dia Mundial da Reciclagem, o convite é simples: pense no material de que os produtos são feitos antes de os adquirir, e não apenas na altura de selecionar o ecoponto correto. Pequenas escolhas, como optar pelo papel, constroem grandes mudanças, e o cuidado com o planeta começa nas decisões de todos os dias.