Papel: a alternativa que vem da floresta

23 de Janeiro 2023

A substituição do plástico de origem fóssil por soluções de embalagem que têm por base uma matéria-prima natural, proveniente de florestas plantadas e geridas de forma sustentável, é o conceito-chave da agenda “From Fossil to Forest”, liderada pela The Navigator Company, mentora do projeto My Planet.

A The Navigator Company procurou identificar benefícios evidentes em termos ambientais, propondo produtos de origem renovável, biodegradáveis, recicláveis e sem carbono de origem fóssil, para utilizar em vez de plásticos de uso único.

A primeira expressão desta estratégia “From Fossil to Forest” foi o lançamento de um conjunto de produtos dirigido ao segmento do packaging, através da marca gKraft. Esta gama tem como elemento diferenciador a utilização da matéria-prima Eucalyptus globulus, abrindo caminho a um novo paradigma de embalagem.

A fibra do eucalipto nacional, proveniente de florestas plantadas e replantadas para o efeito, com gestão responsável e certificação, atribuiu várias vantagens a este papel, sendo a da sustentabilidade ambiental uma das mais importantes. Por um lado, a celulose é um material de origem natural, renovável, reciclável e biodegradável, que substitui o plástico numa ótica de bioeconomia circular. Por outro, as características particulares do globulus atribuem-lhe benefícios, mesmo em comparação com outras fibras celulósicas, nomeadamente menor consumo de madeira para produzir o mesmo papel (com o pinheiro nórdico, por exemplo, pode chegar a consumir-se o dobro da madeira), sete vezes mais metros quadrados de embalagem por hectare de floresta (também comparando com o pinheiro nórdico), maior compostabilidade (devido ao menor teor de lenhina), maior reciclabilidade (até 150% mais, quando comparado com outras folhosas), e geração de reciclados, à posteriori, de melhor resistência.

Na base do gKraft está, assim, uma pasta inovadora de alto rendimento (a HYKEP – High Yield Kraft Eucalyptus Pulp), com menor uso de madeira, que proporciona resistências mecânicas muito interessantes para este segmento. Resultado de um trabalho tecnológico realizado pelo RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, que também está a desenvolver vários estudos para resolver outros desafios, incluindo no âmbito da embalagem alimentar, ao nível dos revestimentos com propriedades barreira, para substituírem os filmes plásticos de origem fóssil.

A gama gKraft inclui uma linha de papel com brancura superior (Extra White), para aplicações e utilizadores que valorizam a brancura, sobretudo em termos de contraste de cor e qualidade de impressão de forma geral, cujo target assenta, por exemplo, nos sacos de algumas das mais conhecidas marcas de moda (“shopping bags”). Uma linha de papel kraft branco natural (Natural White), sem branqueadores óticos. Uma linha de papel kraft castanho (Brown), destinada, por exemplo, à produção de sacos de retalho e “shopping bags”, incluindo as gramagens mais baixas, dedicadas a sacos para a indústria alimentar (para pão e bolos, por exemplo). E também papéis para a produção de caixas de cartão canelado de alto valor acrescentado (“Kraftliners”), utilizadas, nomeadamente, em embalagens de e-commerce e para exposição de produtos no ponto de venda – com a expansão do e-commerce e a substituição gradual de embalagens plásticas nas lojas de retalho, estes papéis adquiriram maior importância na estratégia de muitas marcas, registando, atualmente, muita procura.

Outro importante argumento do gKraft é o da segurança e higiene alimentar: na sua produção é utilizada apenas fibra virgem de eucalipto globulus, o que, ao contrário da fibra reciclada, evita qualquer perigo de contaminações. É, por isso, uma gama de papéis mais segura e higiénica para contacto com a pele e com os alimentos. A The Navigator Company assegurou a aprovação dos papéis gKraft para contacto alimentar junto do ISEGA, instituto alemão de certificação de produtos de embalagem, e do InnovHub, em Milão.

A Navigator pretende tornar-se uma referência nesta área, criando produtos de base florestal para substituição dos artigos de origem fóssil e contribuindo para a resposta aos desafios das alterações climáticas.

A celulose é um material de origem natural, renovável, reciclável e biodegradável, que substitui o plástico numa ótica de bioeconomia circular.

Uma linha de papéis, três submarcas

BAG. Destinada a vários sacos, saquetas, pacotes e até alguns envelopes de alta resistência, utilizados, por exemplo, no e-commerce. É já usada por grandes marcas internacionais como a Zara, Intimissimi, Victoria’s Secret, Desigual, Nike, Museu Cristiano Ronaldo e Real Madrid; por cadeias de retalho alimentar como Aldi ou Lidl; e por cadeias de fast-food como McDonalds. Tem também aplicações industriais, como os sacos multifolha de farinhas alimentares, alimentação animal, ou sacos de areia para higiene animal.

FLEX. Pensada para embalagens flexíveis de uso múltiplo, como, por exemplo, a produção de pacotes de açúcar ou papéis de embrulho para fatiados, na indústria alimentar; ou no apoio às áreas de logística/expedição, na estabilização de cargas e enchimento de espaços vazios entre produtos e embalagem primária, ou entre as embalagens primária e secundária; ou ainda em soluções conjuntas com outros materiais, nomeadamente para papéis de embrulho e revestimentos. 

BOX. Indicada sobretudo para embalagens de cartão canelado, proporcionando redução de gramagem e, por isso, caixas mais leves, ou mais resistentes, para o acondicionamento de vários produtos, desde o setor agrícola, indústria, retalho e e-commerce.