Contar “bichinhos” no solo dos eucaliptais

20 de Fevereiro 2025

As espécies de invertebrados que vivem no solo assumem funções fundamentais para os ecossistemas. A sua presença nas plantações de eucalipto foi vista “à lupa” por uma equipa de cientistas, e comparada com a que se regista noutras utilizações do solo.

As plantações de eucalipto apresentam uma densidade de invertebrados no solo superior à que ocorre em pastagens e sistemas agroflorestais. E registam também uma maior diversidade de espécies deste grupo em comparação com outras plantações florestais – ainda que, neste caso, a sua densidade seja inferior.

Estas conclusões resultam de um estudo recente liderado por investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), publicado na revista científica Land Degradation & Development. O objetivo da investigação foi comparar a diversidade e densidade das comunidades de invertebrados no solo das plantações de eucalipto com as existentes noutras plantações florestais e noutros usos do solo.

A equipa da FCTUC contou com a participação de investigadores portugueses, brasileiros e espanhóis – do Centro de Ecologia Funcional (CFE), do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) e da Universidade Estadual de Santa Catarina (Brasil).

Uma meta-análise global – que incluiu 26 estudos publicados – permitiu aos cientistas comparar os impactos das plantações de eucalipto com os de outros usos do solo, incluindo florestas nativas, outras plantações florestais, pastagens, sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta e áreas invadidas por acácias. Além disso, foi possível identificar a influência de fatores como as variáveis climáticas: os investigadores concluíram que a densidade e diversidade das comunidades de invertebrados variam de acordo com fatores como a temperatura e a precipitação.

Raquel Juan-Ovejero, investigadora do CFE e líder do estudo, considera “crucial a integração de informação em futuros estudos sobre as propriedades físico-químicas do solo, a idade das árvores, os métodos de amostragem e as práticas de gestão florestal”, segundo se lê na notícia publicada no site da Universidade de Coimbra. “Os resultados que obtivemos têm um impacto significativo tanto no avanço do conhecimento científico como na prática da gestão florestal”, acrescenta.

Minúsculos, mas vitais

Os investigadores lembram que os invertebrados desempenham um papel fundamental nos ecossistemas, assumindo importantes funções, como a decomposição de matéria orgânica e a ciclagem de nutrientes. Embora muitos deles sejam impossíveis de ver à vista desarmada, os invertebrados que vivem no solo são uma parte significativa da biodiversidade global terrestre e asseguram o equilíbrio dos ciclos naturais do planeta.

Os invertebrados que vivem no solo assumem importantes funções, como a decomposição de matéria orgânica e a ciclagem de nutrientes.