Inpactus: produtos do futuro a partir do eucalipto

20 de Outubro 2022

É o maior impulso de sempre em Portugal no desenvolvimento de uma nova geração de bioprodutos de base florestal a partir do eucalipto, capazes de se perfilarem como alternativa aos materiais de origem fóssil. Chama-se Inpactus e, ao fim de quase cinco anos, produziu 37 patentes, 66 protótipos e 114 provas de conceito. Algumas destas soluções já chegaram ao mercado.

Da próxima vez que usar uma embalagem de papel em produtos onde antes só podia recorrer ao plástico, ou quando se cruzar com um papel tissue que liberta espuma quando humedecido, é muito provável que por detrás desses produtos esteja um trabalho de investigação do Inpactus. Mas não fica por aqui: graças aos mais de 200 investigadores e técnicos mobilizados no projeto, são agora vastos os exemplos do potencial de produtos inovadores, de base florestal, alternativos aos de origem fóssil.

O Inpactus representa o maior investimento em Portugal num projeto de I&D no domínio da bioeconomia de base florestal, tendo mobilizado, ao longo de quatro anos e nove meses de duração, 14,6 milhões de euros.

Desenvolvido em copromoção entre a The Navigator Company, o RAIZ, a Universidade de Coimbra e a Universidade de Aveiro, envolveu ainda parcerias com a Universidade da Beira Interior, Universidade do Minho, Instituto Superior Técnico, Universidade Nova de Lisboa, Instituto Ibérico de Nanotecnologia, Centros de I&D RISE Bioeconomy (da Suécia) e Fraunhofer (da Alemanha), e a spin-off Satisfibre.

O Inpactus ­– Produtos e Tecnologias Inovadores a partir do Eucalipto, chegou agora ao seu termo, mas os efeitos vão prolongar-se no tempo, dado que estabeleceu uma importante plataforma universidade-indústria na área da bioeconomia de base florestal, com foco na floresta de eucalipto e na indústria papeleira nacional.

O projeto devolveu resultados com impacto económico direto, como o atestam as 37 patentes, os 66 protótipos e as 114 provas de conceito gerados pelo consórcio, bem como os produtos inovadores e diferenciadores criados e já lançados no mercado, dos quais se destacam novos papéis tissue e uma nova gama de papéis para embalagem, a gKraft, que representa uma alternativa sustentável aos plásticos. Desenvolveu ainda oito potenciais novos produtos e negócios no domínio da bioeconomia de base florestal.

Destacou-se também pela capacitação e formação de profissionais altamente qualificados, incluindo 24 doutorandos e 45 mestrandos, promovidos pelas diferentes universidades, com o apoio do RAIZ e da Navigator. E foi determinante na geração de conhecimento de vanguarda, de qualidade reconhecida internacionalmente, expressa pelas mais de 140 publicações científicas internacionais publicadas ou submetidas para publicação pela equipa do projeto.

O Inpactus mostra que a partir da floresta de eucalipto podem ser criadas alternativas aos produtos de origem fóssil, como biocompósitos à base de celulose e bioplásticos, para utilização tão diversa com a indústria têxtil ou a injeção e moldagem de plásticos; produtos bioativos e essências a partir de biomassa florestal, para aplicação em farmácia, cosméticos e produtos de higiene ingredientes de alimentação animal e nutracêutica; biocombustíveis a partir dos sobrantes da biomassa florestal; celulose microfibrilada, celulose nanocristalina e derivados celulósicos para aplicação na indústria papeleira, alimentar e cosméticos, prebióticos (xilooligossacarídeios) para aplicação em nutracêutica; novos produtos a partir de lenhina, um subproduto do processo industrial, para aplicação em espumas de poliuretano, adesivos e compósitos; ou novas argamassas e cimentos ecológicos com incorporação de cinzas das caldeiras de biomassa.

Estes novos processos e bioprodutos estão em fase avançada de avaliação técnico-económica ou de aumento de escala. Mas o Inpactus transcende os resultados alcançados: ao focar-se na promoção do desenvolvimento de uma nova geração de bioprodutos, a partir da floresta, impacta a sustentabilidade do planeta e a qualidade de vida das futuras gerações, dois dos compromissos que a The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, assume no seu Propósito Corporativo.

O Inpactus em números

  • Mais de 200 investigadores e técnicos envolvidos
  • 37 patentes submetidas
  • 66 protótipos produzidos
  • 114 provas de conceito geradas
  • 4 produtos inovadores já em fase de comercialização
  • 8 potenciais novos produtos e negócios
  • 24 doutorandos e 45 mestrandos, promovidos pelas diferentes universidades, com o apoio do RAIZ e da Navigator
  • Mais de 140 publicações científicas internacionais publicadas ou submetidas para publicação pela equipa do projeto

A implementação do Inpactus foi determinante para o reconhecimento europeu do Instituto RAIZ como Business Innovation Centre, bem como Clube Unesco, enquanto entidade promotora da bioeconomia de base florestal e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.