Montras de eucalipto

15 de Julho 2021

Os arboretos de eucalipto existentes em Portugal cumprem funções tão diversas como o apoio à produção, a investigação científica ou a alimentação dos coalas do Jardim Zoológico.

São muitos os arboretos de eucalipto espalhados pelo território nacional. Mas há alguns que se destacam pela antiguidade e espécies representadas, caso dos da Quinta de São Francisco e do Escaroupim; ou pelo propósito a que se destinam, de que são exemplos os do Instituto Superior de Agronomia (ISA), do Jardim Botânico da Universidade de Trás-os-Montes (UTAD) ou do Jardim Zoológico.

Na Quinta de São Francisco, propriedade da The Navigator Company na localidade do Eixo, perto de Aveiro, o arboreto original foi plantado entre 1901 e a década de 1920. Contudo, é provável que já existissem alguns eucaliptos ali antes, a julgar pela dimensão de algumas árvores presentes, que são as maiores do concelho de Aveiro.

Jaime de Magalhães Lima, antigo dono da Quinta, plantou 89 espécies e variedades cujas sementes lhe terão sido fornecidas, na sua maioria, pelo cunhado, Júlio Henriques, à época diretor do Jardim Botânico de Coimbra. “Houve espécies que, entretanto, desapareceram, e outras que foram sendo plantadas”, refere João Ezequiel, curador da Quinta.

Com a aquisição da Quinta pela então Portucel/Soporcel, em 1982, foram feitas novas plantações. Ao todo, terão sido plantadas ao longo dos tempos quase 170 espécies e variedades de eucaliptos. Hoje, entre as centenas de árvores monumentais, o local soma perto de 100 diferentes espécies de eucalipto, que, ainda assim, representam menos de um quarto das mais de 400 espécies vegetais nativas e não nativas ali presentes.

“Temos árvores que foram introduzidas há mais de cem anos, outras mais recentemente. A Quinta tem funcionado como um campo de ensaios de novas espécies e como reserva genética de material para o futuro”, afirma o curador, que destaca ainda a mais-valia do local para a educação ambiental e ensino sobre a sustentabilidade florestal, especialmente à comunidade educativa.

Educar, cheirar, comer

Quando foi plantado, em 2007, o arboreto de eucaliptos do Instituto Superior de Agronomia (ISA), em Lisboa, obedecia a dois objetivos: alimentar a população de coalas do Jardim Zoológico e criar um “arboreto dos cinco sentidos”, para educação ambiental. Nos últimos anos, foi atacado pela phoracantha, praga que provoca a morte das árvores, e várias tiveram de ser cortadas, o que descaracterizou um pouco o conjunto.

Já a coleção de mirtáceas do Jardim Botânico da UTAD foi criada com um propósito mais prosaico: atenuar o cheiro vindo das vacarias. As mirtáceas, a família em que se incluem os eucaliptos, são, por regra, bastante aromáticas.

A coleção conta com sete espécies de eucalipto (citriodora, camaldulensis, globulus, gunni, nichollii e pulverulenta), cujas sementes vieram de Pontevedra, na Galiza. À exceção do Eucalyptus nichollii, de que existe um único exemplar, as outras espécies estão presentes tanto na coleção temática como no resto do jardim. E, tal como as outras coleções presentes no Jardim Botânico, também esta é usada para dar aulas.

No Jardim Zoológico, em Lisboa, existe um pequeno arboreto de um hectare plantado há cinco anos, com o intuito de complementar a alimentação dos coalas da instituição. Ao todos, são 15 espécies de eucaliptos, repartidas entre as áreas zoológica e do viveiro.