O fascínio das nuvens: um guia para explorar o que paira sobre nós

17 de Fevereiro 2025

De vez em quando, lá estamos nós de cabeça no ar, a olhar o céu para adivinhar formas nas nuvens ou perceber se vai chover. Mas sabemos realmente o que estamos a ver?

Parecem pedaços gigantes de algodão arrancados ao calhas do pacote. Mais ou menos densas, em variações de tom que vão de um reconfortante branco imaculado até um cinzento-escuro ameaçador, as nuvens transformam o céu numa tela viva e escondem uma complexidade fascinante.

Elas contam histórias, anunciam a chegada de tempestades, sinalizam momentos de calmaria e pintam o horizonte com nuances delicadas ao nascer e ao pôr do sol. Cada formação é um reflexo único das condições atmosféricas e da interação entre o sol, o vento e a humidade.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) desenvolveu um atlas que classifica as nuvens em géneros, espécies e variedades, permitindo-nos identificá-las com base na sua forma, estrutura interna e disposição.

Explore connosco algumas das principais categorias e descubra como o céu é, na verdade, um espetáculo em constante mudança.

Nuvens pertencentes ao género cirrus.

 

Dez personalidades no céu: os géneros das nuvens

Os géneros são as categorias principais de nuvens. Cada um tem uma aparência distinta e revela algo sobre as condições atmosféricas.

Cirrus: Nuvens finas, delicadas e esvoaçantes, que parecem cabelos brancos no céu. São compostas quase inteiramente por cristais de gelo.

Cirrocumulus: Finas e brancas, contêm pequenas gotas de água superarrefecidas e parecem um lençol de tecido leve.

Cirrostratus: Uma espécie de véu esbranquiçado que cobre o céu, parcial ou totalmente. Por vezes, cria um efeito de halo em redor do sol ou da lua.

Altocumulus: Podem apresentar diversas formas, mas na sua maioria são massas arredondadas, em camadas.

Altostratus: Uma folha uniforme que cobre o céu, mas com zonas finas o suficiente para permitir vislumbrar o sol, como se “através de vidro fosco”, diz a OMM. Diferenciam-se das cirrostratus por não criarem o efeito de halo.

Nimbostratus: Espessas e cinzentas, trazem geralmente chuva ou neve.

Stratocumulus: Arredondadas, onduladas e escuras. Podem formar camadas ou surgir como um lençol uniforme.

Stratus: Camadas cinzentas, com variações de luminescência. Com o brilho do sol, vemos o contorno das nuvens. Podem trazer neve fraca ou chuviscos.

Cumulus: As clássicas nuvens fofas, brancas no topo e com um tom mais escuro e uniforme na base.

Cumulonimbus: Pesadas e densas, geralmente com torres verticais altas. São capazes de produzir relâmpagos e tornados.

Nuvens pertencentes ao género cumulus e à espécie castellanus. São chamadas “cumulus castellanus”.

 

Espécies e variedades

Os géneros das nuvens dividem-se em espécies, considerando a sua forma particular e a sua estrutura interna. Por exemplo, algumas têm formas que lembram castelos (castellanus), ou têm bases irregulares (floccus); outras, como as lenticularis, aparecem em formatos semelhantes a lentes ou discos. Mas existem muitas mais espécies. Algumas só surgem dentro de géneros específicos, outras são comuns a vários. Quando identificamos uma nuvem, fazemo-lo primeiro pelo género e depois pela espécie – nos exemplos dados: cirrius floccus, attocumulus castellanus ou stratocumulus lenticularis.

Claro que, numa análise mais profunda, e dada a disposição em larga escala das nuvens, os géneros e as espécies assumem uma grande variedade de apresentações, todas com nome a condizer. A título de exemplo, as undulatus criam padrões ondulados; as vertebratus fazem lembrar a espinha de um peixe; as lacunosus distinguem-se por pequenos orifícios nas camadas, como uma rede ou um favo de mel; as translucidus são um grande lençol, mas permitem ver o sol ou a lua brilhar através delas; e as opacus, pelo contrário, são suficientemente densas para bloquear o sol ou a lua. Algumas nuvens podem exibir diversas variedades ao mesmo tempo, com exceção das translucidus e opacus, que, claro, não podem ocorrer simultaneamente.

Nuvem acessória pileus: assemelha-se a um pequeno capuz, formado no topo de uma nuvem principal.

 

As acessórias e as especiais

Existem também algumas nuvens que aparecem como companheiras de formações maiores. São chamadas nuvens acessórias e incluem, entre outras, pequenos capuzes que se formam no topo de uma nuvem principal (pileus) e fragmentos irregulares na base (pannus).

E ainda outras que são formadas por condições locais ou por atividade humana. É o caso das que são criadas por incêndios ou erupções vulcânicas (flammagenitus), por fábricas ou aviões (homogenitus), perto de quedas de água (cataractagenitus) ou sobre florestas, devido à humidade.

Observar as nuvens é mais do que um passatempo relaxante. Elas são indicadores naturais das condições meteorológicas e podem ajudar-nos a compreender melhor o funcionamento do nosso planeta. Além disso, são uma fonte de inspiração para poetas, cientistas e sonhadores!

Na próxima vez que olhar para o céu, tente identificar o tipo de nuvem que vê. Pode estar a contemplar um pedaço da história atmosférica ou, simplesmente, a apreciar uma das muitas obras-primas da natureza.

As nuvens não são apenas massas de vapor de água; são verdadeiras obras de arte da natureza, criadas pelas condições atmosféricas.