Respirar fundo, pedalar longe
30 de Maio 2025
Florestas fazem bem à saúde. Bicicletas também. Juntas, são a receita ideal para o bem-estar físico e mental. Em Portugal, há cada vez mais percursos pensados para pedalar com segurança no meio da natureza. Descubra algumas ciclovias e ecopistas que nos levam por entre árvores, ar puro e paisagens de cortar a respiração.
Fazer exercício ao ar livre é sempre uma boa ideia. Mas há algo de especial em pedalar no coração da floresta: o silêncio só interrompido pelos sons da natureza; o cheiro da terra, da resina e das folhas de eucalipto; a sombra fresca das copas altas. Está cientificamente comprovado que a proximidade da natureza reduz os níveis de ansiedade, reforça o sistema imunitário e melhora o humor. E as florestas, para além de serem grandes aliadas da nossa saúde, são essenciais para a saúde do planeta: purificam o ar, capturam carbono, regulam o clima e acolhem milhares de espécies.
Ao longo dos últimos anos, Portugal tem vindo a criar corredores verdes cada vez mais acessíveis, seguros e sustentáveis: vias largas, sem trânsito, com piso confortável, desenhadas para a mobilidade suave. Neste artigo, que é também uma celebração do Dia Mundial da Bicicleta (3 de junho), há um tipo de percurso que merece destaque especial – as ciclovias florestais, que podemos percorrer a pedalar, serpenteando por entre pinhais, montados ou margens de rios arborizadas. É por aí que vamos, com alguns exemplos que vale a pena conhecer (e experimentar).
Ecopista do Dão
Com quase 50 km de extensão, esta ecopista segue o antigo ramal ferroviário do Dão (entre Santa Comba Dão e Viseu) e atravessa zonas florestais densas, vinhas e vales encaixados. É um dos percursos cicláveis mais populares do país, com vários pontos de apoio ao longo do trajeto.
Ecopista do Vouga
Percurso com mais de 75 km, que liga Sernada do Vouga (Águeda) à cidade de Viseu. Atravessa túneis, pontes centenárias e áreas florestais de grande valor ecológico, incluindo carvalhais, freixiais e zonas ribeirinhas protegidas. É ideal para quem procura longas horas de bicicleta no meio da natureza. Tem ligação à Ecopista do Dão, transformando-se num percurso ininterrupto de 128 quilómetros.
Ciclovia da Estrada Atlântica – troço Pinhal do Rei
Inserido numa rede com mais de 60 km, o troço de Leiria desta ciclovia percorre o Pinhal do Rei, ligando várias praias e zonas de floresta densa. O percurso junto à Lagoa da Ervedeira é particularmente cénico, com sombra natural, caniços e habitats de aves aquáticas.
Ciclovia do Parque da Cidade de Vale de Cambra
Curta, mas 100% na natureza, esta ciclovia circular, com cerca de 2,2 km, envolve todo o Parque da Cidade – uma área verde com 24 hectares, que inclui pinheiros e carvalhos. Ideal para quem procura um percurso plano e acessível para iniciantes ou passeios em família.
Trilho da Floresta
Com cerca de 15 km, este trilho situa-se entre Cortegaça e o Furadouro, em Ovar, atravessando zonas florestais próximas do mar e das dunas. É uma opção popular, muito concorrida aos fins de semana, com as sombras dos pinheiros a oferecerem refúgio nos dias mais quentes.
Ecopista do Tâmega
Com cerca de 39 km, esta ecopista segue o antigo traçado ferroviário da Linha do Tâmega, atravessando três concelhos (Amarante, Celorico de Basto e Cabeceiras de Basto). O percurso, por zonas florestais e vinícolas, é praticamente plano e totalmente ciclável, oferecendo uma experiência tranquila no meio da natureza.
Ecopista de Évora – Ramal de Mora
Esta ecopista segue o antigo ramal ferroviário entre Évora e Arraiolos, com cerca de 20 km de extensão. Atravessa paisagens alentejanas típicas, como montados de sobro e campos agrícolas. O percurso é maioritariamente plano, logo, acessível para todos os níveis de experiência.
Ecovia do Litoral Algarvio
São 214 quilómetros cicláveis, que atravessam o Algarve de ponta a ponta, através de um corredor verde que liga o Cabo de São Vicente a Vila Real de Santo António. O percurso desenvolve-se por entre ciclovias já instaladas e trilhos rurais, permitindo descobrir as paisagens deslumbrantes do litoral algarvio.
Boas práticas para pedalar na floresta
🌳Não saia dos trilhos e respeite a sinalética. As ciclovias e ecopistas foram pensadas para minimizar o impacto no meio natural. Sair do percurso pode danificar vegetação sensível, compactar o solo ou perturbar a fauna.
🌳Use capacete, protetor solar e leve água suficiente. Mesmo nos percursos com mais sombras, o calor pode ser traiçoeiro. A hidratação é essencial, e a proteção contra os raios solares também. O capacete é altamente recomendado e pode fazer toda a diferença, em caso de queda.
🌳Evite pedalar em dias de muito vento ou risco de incêndio. As florestas são ambientes vivos e vulneráveis. Em dias de vento forte há maior risco de queda de ramos ou instabilidade no piso. E em tempo seco, o risco de incêndio florestal aumenta – consulte os alertas da Proteção Civil antes de sair.
🌳Seja discreto. A floresta é habitat de muitas espécies sensíveis ao ruído. Evite música alta ou comportamentos ruidosos.
Pedalar na floresta não é só um prazer: é um convite a ligar-se à natureza de forma ativa e responsável. Por cada quilómetro pedalado, está também a valorizar os espaços verdes e a contribuir para a sua preservação.