Conserve a biodiversidade…
pela sua saúde!

3 de Dezembro 2020

A biodiversidade é alicerce da saúde humana. A ideia até é conhecida, mas nem sempre se entende verdadeiramente a relação entre uma coisa e a outra. Descubra-a melhor aqui.

Já não são apenas as estatísticas ou os alertas dos naturalistas que nos fazem abrir os olhos. A crise de saúde pública vivida atualmente pela Humanidade é um novo grito de alerta para a urgência de defender a biodiversidade.

Vamos a factos. A população mundial de espécies selvagens diminuiu 60% nos últimos 40 anos, estimando-se que um milhão de espécies estejam atualmente em risco de extinção. Os impactos são igualmente determinantes para a nossa subsistência económica e social: metade do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, 40 biliões de euros, depende da natureza.

A relevância da biodiversidade para a vertente ambiental, social e económica das nossas vidas é profunda e, o que se saúda, está cada vez mais omnipresente em setores alargados da sociedade. Mas que ligação é esta com a saúde de cada um de nós? Há, pelo menos, cinco razões bem claras. Pelo menos…

1 – Biodiversidade e alimentação
A diversidade genética nos sistemas alimentares promove o bom desenvolvimento das culturas agrícolas, assim como a sua resistência a pressões ambientais, tais como pragas e doenças do reino vegetal e animal. Para o ser humano, uma dieta diversificada é fundamental e ajuda a aumentar as resistências e a prevenir défices vitamínicos. A perda de diversidade agrícola compromete este ciclo e tem, assim, um impacto direto na saúde de cada um de nós.

2 – Biodiversidade e recursos médicos
Ao longo da história, incluindo a mais recente, estudos da anatomia, fisiologia e bioquímica da vida selvagem têm constituído uma fonte inestimável de progressos na medicina humana. Sabia, por exemplo, que os ursos estiveram na base de investigações relacionadas com osteoporose, anomalias cardiovasculares, ou a diabetes? É só um dos casos. Mas há mais: muitos medicamentos da medicina moderna recorrem a substâncias extraídas de espécies de flora e fauna.

3 – Biodiversidade e a regulação de doenças infecciosas
A perda de biodiversidade e a mudança nos ecossistemas contribuem para aumentar o risco de emergência ou de propagação de doenças infecciosas em animais, plantas e seres humanos, incluindo doenças pecuárias economicamente importantes, surtos zoóticos e pandemias globais. Para além da discussão atual em torno da COVID-19, nos últimos anos, surtos de SARS, Ébola, Hantavirus, gripe aviária e de malária têm sido atribuídos aos impactos humanos na biodiversidade, ao comércio de vida selvagem ou ao uso insustentável do solo.

4 – Impacto direto no bem-estar físico e psicológico
As alterações aosecossistemas têm uma implicação direta no nosso bem-estar psicológico. A mutação dos ecossistemas promove a desconexãodaspopulações com os seus espaços tradicionais e induz a perdade”sentidodelugar”.Este fenómeno tem sido associadoaumaprevalênciacrescentedas chamadas”doençasdos ricos”(diabetes,obesidade,doençascardiovasculares)edistúrbiospsicológicosemmuitascomunidades.Pelo contrário,oacessoa espaços verdes tem sido associado a melhores índices de saúde coletiva,internamentos hospitalaresmaiscurtos e redução dos tempos de convalescença.

5 – Conservação da biodiversidade é essencial para a adaptação às alterações climáticas
São por demais conhecidos os impactos das alterações climáticas na saúde humana. Uma vez mais, essas consequências provêm diretamente dos efeitos climáticos nos ecossistemas. Por exemplo, as mudanças na ecologia dos agentes patogénicos, ou nas populações e distribuição de propagadores de doenças, como os mosquitos, podem levar a alterações nos padrões da doença e aumentar o risco de surtos. A perda de serviços de ecossistemas também coloca as comunidades em maior risco, por exemplo, expondo-as a eventos climáticos extremos, seca e insuficiência de culturas.