Frutas e legumes: cada um na sua época

13 de Julho 2022

Escolher produtos da época não é só comer melhor: é contribuir para a redução das emissões de CO2 e, assim, fazer a nossa parte para mitigar as alterações climáticas. Além disso, poupamos também na carteira.

Morangos no Natal, uvas na Páscoa e grelos no verão. Habituámo-nos a ter todo o tipo de frutas e legumes frescos disponíveis durante o ano inteiro na prateleira dos supermercados. E se essa pode ter parecido, em tempos, uma oferta só com vantagens, hoje já não podemos ignorar que há vários reversos e custos associados.

A começar pela pegada de carbono que cada um desses produtos fora de época imprime no planeta. Os sistemas alimentares produzem, segundo dados da FAO, a organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, um terço de todas as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). Dentro do sistema agroalimentar, a cadeia de abastecimento de alimentos tem um grande peso enquanto emissor de GEE, estando, em muitos países, prestes a ultrapassar a agricultura e o uso da terra como principal emissor. Um estudo da FAO apresentado na conferência climática COP26 em Glasgow, em novembro passado, revela que setores como o processamento de alimentos, a embalagem, o transporte, o consumo doméstico e o descarte de resíduos estão a colocar a cadeia de abastecimento de alimentos no topo da lista de emissores de GEE.

A embalagem, a refrigeração e o transporte têm um peso maior para o ambiente quando falamos de produtos fora de época, que são, muitas vezes, importados e fazem grandes viagens, com longos períodos de refrigeração. Por isso, é urgente repensarmos as nossas escolhas na hora de planear compras e refeições. O compromisso assumido pela União Europeia de atingir a neutralidade carbónica até 2050 não diz respeito apenas a países e empresas. Cada um de nós estará a contribuir para este desígnio global ao escolher produtos da época, sem embalagem de origem fóssil, como o plástico, e que tenham tido um mínimo de refrigeração.

Mais saúde, menos despesa

Mas as vantagens não são só ambientais. Além da saúde do planeta, estamos também a promover a nossa. Os produtos da época contêm os nutrientes de que mais necessitamos em cada fase do ano e quanto mais frescos, maior a sua riqueza nutricional. Vivemos num país onde é possível adquirir uma grande variedade de produtos locais e nacionais, em cada estação, com vantagens para a saúde e também para a conta bancária – o transporte e refrigeração, por exemplo, encarecem o preço final dos produtos. Se nunca tinha pensado nisso ou se tem dúvidas sobre quais são os produtos da época, a tabela da DECO é uma boa ajuda.

Para terminar, uma última vantagem dos legumes e frutas consumidos com a maior frescura possível: o sabor. São infinitamente mais saborosos e a sua qualidade a todos os níveis é superior se forem consumidos na sua época. Comprar em feiras e mercados ou encomendar cabazes que valorizam os pequenos produtores significa quase sempre passar a comer melhor, tanto do ponto de vista da saúde, como da qualidade e do sabor dos pratos que chegam à nossa mesa.